A primeira longa-metragem de ficção de Marianna Brennand, que aborda de forma incisiva e humana um tema que acomete as mulheres das comunidades ribeirinhas na Amazónia, estreia a 21 de agosto nas salas de cinema de Portugal.

Laureado com o Prémio de Melhor Realização na secção Giornate degli Autori do Festival de Veneza (2024), o filme foi premiado em mais de 20 festivais internacionais e distinguido com o Prémio do Público no FEST – Festival Novos Realizadores | Novo Cinema, em Espinho. Marianna Brennand tornou-se a primeira cineasta brasileira a receber o Women In Motion Emerging Talent Award 2025, no Festival de Cannes, que reconhece cineastas emergentes.

A narrativa constrói-se a partir do olhar sensível da protagonista, Marcielle, que se depara com uma realidade violenta, onde o abuso sexual — sofrido dentro e fora de casa — é silenciado e normalizado. Ao entrar na puberdade, Marcielle começa a ter pesadelos partilhados por muitas mulheres da sua comunidade. Confrontada com um presente e um futuro pouco promissores, decide enfrentar a poderosa engrenagem que rege a sua família e mantém presas as mulheres da Ilha do Marajó, no Pará, Brasil.

Marianna Brennand assina esta obra para denunciar essa realidade, com o objetivo de promover transformações sociais e políticas. 

Sobre o processo criativo, afirma:
“O maior desafio foi fazer um filme sobre abuso sem trazer mais violência.”

Perante uma situação concreta, acrescenta:
“Ao me aprofundar no assunto, percebi que seria impossível filmar um documentário. Eu jamais poderia colocar diante das câmaras mulheres e crianças que haviam sofrido traumas tão profundos. Pedir a elas que recontassem os abusos seria expô-las a mais uma violência. Percebi, além disso, que a ficção me daria a oportunidade de abordar o assunto com mais profundidade.”

O filme resulta de um processo de dez anos de investigação sobre abusos sexuais e a exploração de meninas em comunidades ribeirinhas da Amazónia.

Durante a fase de testes, que envolveu centenas de crianças da região, foi selecionada para o papel principal Jamilli Correa, sem experiência prévia em representação, que se revelou uma atriz excecional, com impressionante inteligência cénica.

Manas é uma produção brasileira com coprodução portuguesa da Fado Filmes.