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Desalento ou uma nova idade da pedra
Nova obra de Daniel Jonas lança-nos num tempo em que as perdas são o escopo com que construímos uma hipótese de compreensão.

Nesta obra, o autor parece apresentar, por um lado, a faceta mais desalentada da sua escrita, por outro, alguns dos versos mais contundentes sobre o mundo em que vivemos, com poemas que vão da natureza, ao amor, cultura ou ciência entre composições brevíssimas, quase apontamentos para respirarmos, e outras de grande fôlego.
Idade da Perda reafirma a mestria do autor, que é também dramaturgo e um reconhecido tradutor, numa altura em que a suposta anacronia do género poético nos deveria levar a escutá-lo com a máxima atenção.
SOBRE O LIVRO
Idade da Perda
Seja a visão do drone intrometendo-se na de Deus, seja a paisagem histórica de uma velha cidade-museu europeia devorada pela rapidez da máquina-locomotiva e pela visão de uma bela adormecida, ou somente as manchas do tempo sobre este amigo, aquele amor — as memórias embaciadas, talvez oxidadas pela natureza —, a pedra destes poemas parte-se, pesarosa ou rindo sarcasticamente para dentro, com a perícia conhecida de Daniel Jonas. Por ora, escolhemos escarnecer:
NO MUSEU
No museu, posto o cansaço
Se faz banal o singular.
E mais Tintoretto menos Tintoretto
Estamo-nos nas tintas
Para o extraordinário
Ver primeiras páginas
Título: Idade da Perda
Autor: Daniel Jonas
Páginas: 112
PVP: 15,50€
Coleção: Poesia Inédita
SOBRE O AUTOR

Daniel Jonas é poeta, dramaturgo e tradutor. Enquanto poeta, publicou, entre outros, Sonótono (Cotovia, 2006), que lhe valeu o prémio PEN de Poesia, Nó (Assírio & Alvim, 2014), galardoado com o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes da APE, e Cães de Chuva (Assírio & Alvim, 2022), vencedor do Prémio Literário Fundação Inês de Castro. Foi ainda um dos sete poetas nomeados para o Prémio Europeu da Liberdade, pelo seu livro Passageiro Frequente (Língua Morta, 2013), traduzido em polaco por Michal Lipszyc. Antes tinha sido distinguido com o prémio Europa David Mourão-Ferreira, da Universidade de Bari/Aldo Moro, pelo conjunto da sua obra. Traduziu vários autores, entre os quais John Milton, Shakespeare, Waugh, Pirandello, Huysmans, Berryman, Dickens, Lowry, Henry James e William Wordsworth. Como dramaturgo, publicou Nenhures (Cotovia, 2008) e escreveu Estocolmo, Reféns e o libreto Still Frank , todos encenados pela companhia Teatro Bruto.