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Rio de Janeiro vai receber exposição com 170 obras de José Pedro Croft
O artista português José Pedro Croft vai inaugurar em 24 de setembro, no Rio de Janeiro, uma exposição com 170 obras, incluindo inéditos, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Intitulada “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios”, a exposição vai ser dedicada à produção do artista em gravura, desenho, escultura e instalação, com curadoria de Luiz Camillo Osorio, segundo o CCBB.
A mostra ocupará todo o primeiro andar e a rotunda do centro cultural, integrando séries criadas desde os anos 1990 até trabalhos inéditos, como uma instalação concebida especialmente para o espaço, utilizando espelhos para refletir o edifício histórico.
O resultado cria a ilusão de um poço de 40 metros de profundidade, onde a claraboia surge invertida, num jogo entre arquitetura, espaço e perceção.
“José Pedro Croft pertence a uma geração de artistas que se formou após a Revolução dos Cravos portuguesa, com uma prática enraizada nos ideais de liberdade e experimentação. A sua poética afirma-se no confronto com a materialidade das linguagens plásticas – a linha, o plano, a cor e o espaço – sempre em articulação com a arquitetura e o corpo do espetador”, descreve o curador.
A exposição vai valorizar a gravura como eixo central da obra de Croft, com algumas obras a medir até 140 por 243 centímetros, "evidenciando o rigor físico e artesanal do processo", apontou ainda Luiz Camillo Osorio, que foi responsável pela representação brasileira na Bienal de Veneza de 2015.
“A gravura é uma âncora do meu trabalho. Muitas soluções que encontro para a escultura vêm do que experimento nesse suporte”, explica José Pedro Croft também citado no texto.
Os desenhos, alguns realizados sobre provas de gravura, expandem a investigação em direção à tridimensionalidade, feitos à mão para recriar volumes e gestos escultóricos: “É uma forma de resistir à velocidade do excesso de estímulos digitais, trazendo o olhar de volta à materialidade”, acrescenta Croft.
O percurso expositivo distribui esculturas e gravuras em diálogo com a arquitetura do CCBB, colocando, logo na primeira sala, uma escultura inédita com 4,5 metros de comprimento, composta por formas geométricas que dialogam com gravuras em tons de preto e vermelho.
Noutras salas, esculturas de parede em vidro e espelho, gravuras inspiradas no construtivismo russo e no minimalismo americano, séries em azul e vermelho e grandes desenhos vão revelar ainda a diversidade formal do artista.
Entre os destaques estão seis esculturas – quatro delas inéditas –, feitas em ferro, vidro e espelho, que "intensificam a relação entre vazio, reflexo e deslocamento ótico", segundo o curador.
A exposição também inclui gravuras que ilustraram o livro "Los Trabajos de Persiles y Sigismunda" (2013) e trabalhos que revisitam as mesmas chapas gravadas em diferentes momentos, num diálogo sobre memória e repetição.
O percurso culmina com duas colunas de espelhos e vidro, concebidas como portal de saída, que convidam o visitante a atravessar a própria obra de José Pedro Croft, nascido no Porto, em 1957, e radicado em Lisboa, "uma das figuras mais reconhecidas da arte contemporânea portuguesa".
Croft representou Portugal na 57.ª Bienal de Veneza (2017) e realizou exposições em instituições no Brasil como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ou a Pinacoteca de São Paulo, e em Lisboa, na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, no Museu Gulbenkian e no Centro Cultural de Belém.
A sua obra integra várias coleções internacionais, incluindo o Centro Pompidou (França), a Sammlung Albertina (Áustria), o Museu Rainha Sofia (Espanha), o Museu de Serralves (Portugal) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outras.
Inaugurado em 1989, o CCBB Rio é um dos principais polos culturais do Brasil, instalado num edifício histórico do século XIX no centro da cidade, onde apresenta uma programação regular nas áreas de artes visuais, teatro, cinema, música e pensamento, promovendo também a ligação entre a cultura brasileira e a cena artística internacional.
Fonte: LUSA | 16 de setembro de 2025