Publicado pela Casa das Letras em 2023, com a primeira apresentação pública a ter lugar na Póvoa de Varzim, no decorrer do Festival Literário Correntes d’Escritas, A Vida Airada de Dom Perdigote, que é também um formidável trabalho de linguagem, insere-se no género em que o autor é mestre, o pícaro, na senda de alguns dos seus anteriores livros, como por exemplo A Demanda de D. Fuas Bragatela.

O júri do prémio, constituído por Sérgio Guimarães Sousa, professor na Universidade do Minho e Director da Casa de Camilo, Teresa Carvalho, crítica literária e investigadora, e Everton Machado, professor universitário, fundamentou a decisão de distinguir o romance de Paulo Moreiras por se “tratar de uma obra de notável fôlego romanesco, que, além de reabilitar com virtuosismo o género picaresco e, mais latamente, o romance histórico, revela uma opulência lexical invulgar e um investimento não menos invulgar na expressividade literária”.

Hélia Correia, H. G. Cancela, Djaimilia Pereira de Almeida e Clara Macedo Cabral eram os outros quatro finalistas candidatos ao Prémio PEN.

Paulo Moreiras sucede assim a Lídia Jorge, vencedora da edição anterior, com Misericórdia.

Natural de cidade de Lourenço Marques, Moçambique, onde nasceu em 1969, Paulo Moreiras começou na banda desenhada, navegou pela poesia e desaguou no romance com A Demanda de D. Fuas Bragatela (2002), ao qual se seguiram Os Dias de Saturno (2009), O Ouro dos Corcundas (2011) e o agora premiado A Vida Airada de Dom Perdigote (2023). Em O Caminho do Burro (2021) reuniu os seus melhores contos. Também escreve sobre gastronomia, com destaque para Elogio da Ginja (2006) e Pão & Vinho - mil e uma histórias de comer e beber (2014).