"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

"Os Maias" sem palavras, mas traduzido em dança

A partir desta quinta-feira, a Companhia Nacional de Bailado leva ao palco do Teatro Camões, em Lisboa, o clássico de Eça de Queiroz. O bailado conta com a estreia de José Manuel Castanheira na cenografia para a CNB, o piano de António Rosado e figurinos de José António Tenente.

Foto: DR

“Nunca competir com um livro, porque os livros ganham sempre!” é com este princípio que o diretor e coreógrafo da Companhia Nacional de Bailado, Fernando Duarte, se propôs trabalhar em dança, o clássico da literatura portuguesa “Os Maias”, de Eça de Queiroz.

O resultado sobe ao palco do Teatro Camões, em Lisboa, entre esta quinta-feira e 29 de outubro, já com algumas salas esgotadas e a previsão de uma itinerância por outros palcos do país. Em entrevista o coreógrafo admite que com este trabalho quer dar início à ideia de trazer mais literatura para a dança.

“É a primeira semente que lanço, mas espero que possam vir outras, na medida de desenvolver propostas com base na grande literatura que temos, desde Eça de Queiroz até antes de Eça de Queiroz e muito depois do Eça de Queiroz. Há imenso material de inspiração para infindáveis narrativas para bailado”, admite Fernando Duarte.

Trabalhar um clássico teve, contudo, os seus desafios. Fernando Duarte ainda se recorda da primeira vez que leu “Os Maias”, ainda estava na escola secundária.

 

Raquel Fidalgo e Lourenço Ferreira, por Hugo David, 2025 © CNB


“Não foi de todo, um sacrifício. Muito pelo contrário. Foi uma companhia muito estimada. Até me lembro de quando terminei de o ler, senti-me um pouco só e abandonado pelas personagens que me tinham acompanhado durante tanto tempo”, recorda.

Talvez motivado por essa sensação voltou agora à obra, mas já com outros olhos. “A leitura não foi de fio a pavio. Foi já com a ideia de que cenas e de que linhas de ação principais deveria garantir” para o espetáculo de dança.

Para fazer “Os Maias”, sem palavras e traduzir a obra em movimentos, Fernando Duarte foi inspirar-se no cinema, nas séries que já adaptaram a obra de Eça de Queiroz, mas também em quadros que Paula Rego desenhou a partir da escrita do autor português.

Mas a inspiração não ficou por aqui. “Ajudou-me depois procurar essa materialização visual que existia inclusive na banda desenhada, que é uma forma até muito idêntica ao bailado, ao criar quadros de ilustração que obviamente fazem saltos grandes na narrativa”, explica.

Fernando Duarte explica que “um bailado nunca consegue ser totalmente literal ao livro” e que essa nem sequer era a sua ideia. Com curadoria musical de Andrea Lupi, “Os Maias” contarão com sessões para escolas.

A história de Carlos da Maia e Maria Eduarda, além das nove apresentações em Lisboa, está prevista viajar pelo país, mas não só. O bailado terá uma apresentação também no Lódz Ballet Festival, na Polónia, no Dia Mundial da Dança, a 29 de abril de 2026, e em 30 de abril, no Teatro Wielki w Lodzi.


por Maria João Costa in Renascença | 16 de outubro de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

Agenda
Ver mais eventos
Visitas
114,123,369