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Companhia “O Bando” celebra 50 anos com peça dedicada a Agustina Bessa-Luís

Com encenação de João Brites e música de Jorge Salgueiro, este espetáculo operático e teatral junta em palco várias personagens criadas por Agustina Bessa-Luís.

© Maria Taborda

Não de um, mas de vários livros da escritora Agustina Bessa-Luís saiu a inspiração para a nova criação da companhia de teatro O Bando que sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) de 17 a 19 de outubro.

“Agustinópolis” é um espetáculo operático e teatral com encenação de João Brites e composição musical de Jorge Salgueiro, que pretende celebrar a obra da autora que tinha o desejo de ver esta companhia a trabalhar os seus livros.

Em entrevista, João Brites mostra a sua surpresa quando a filha de Agustina, a escritora Mónica Baldaque, lhe expressou esse desejo da mãe.

“Conheci a Agustina quando era diretora do Teatro Nacional D. Maria II, mas nunca fui muito próximo. Como é que havia este interesse da Agustina em pensar que O Bando é que faria um espetáculo como ela gostaria de ver um dia feito com personagens diversos?” questiona-se o fundador da companhia.

João Brites aponta na obra da autora de “A Sibila” uma “universalidade”. “Por vezes ao tratar coisas muito particulares tornam-se universais, porque são transversais ao ser humano”, aponta o encenador.

“Não conheço nenhum autor que tenha descrições de personagens tão interessantes, tão dialéticos e tão controversos”, refere João Brites que fala da “riqueza absolutamente extraordinária” da escrita de Agustina.

A Sibila não pode faltar

Quase a começar a fechar as celebrações dos 50 anos da companhia, O Bando pega na obra de Agustina para levar ao palco algumas das suas personagens, mas João Brites diz que não quiseram pôr só uma personagem em evidência.

“Não queremos evidenciar uma, porque se ela existisse, se calhar, tinha que ser a Quina, a Sibila. Ela está cá, mas não aparece como protagonista. Eu pensei que é da grande diversidade de pessoas, muitas delas hipócritas, “mazinhas”, terríveis que parecem ser uma coisa e afinal são outra, que se representa”.

A peça conta em palco com os atores Bibi Gomes, Joelle Ghazarian, Juliana Boyko, Juliana Pinho, Nicolas Brites e São Nunes, bem como com os cantores Constança Melo, Diogo Oliveira, Helena de Castro, Mariana Chaves e Ricardo Moniz e o pianista Tiago Mileu.

Esta é “uma espécie de humilde homenagem ao trabalho magnífico da Agustina. Mas queremos falar dos dias de hoje”, refere Bites. “Apropriamo-nos de uns textos para falarmos de hoje e agora. Nesse aspeto, a obra de Agustina também tem esse lado que não está datado”, diz o encenador.

“O tempo não apaga esta necessidade de batalha e luta pelo poder, e de egoísmo. E penso que o espetáculo pode contribuir para que cada um de nós se reveja neste espelho 'Augustinópolis'”, diz.

Agustina Bessa-Luís nasceu no mesmo dia que O Bando, a 15 de outubro, mas em anos diferentes. Uma feliz coincidência, diz Brites que reconhece na autora a mesma inquietação da companhia.

“A aposta de O Bando é sempre estar na atualidade, ter uma voz ativa naquilo que está a acontecer no mundo e que a arte contribua para o desenvolvimento desse espírito crítico e sensível”, remata o encenador.

Além da peça, O Bando apresenta no CCB a exposição “Liberalinda” no Foyer do Grande Auditório que percorre a história da companhia. Terá também lugar uma conferência sobre a obra de Agustina no sábado, dia 18 de outubro. Em seguida, de 30 de outubro a 2 de novembro, a peça sobe ao placo do Teatro Nacional São João.


por Maria João Costa in Renascença | 16 de outubro de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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