"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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"A Cinco Palmos dos Olhos"

A história de uma aldeia a emergir da Revolução, através do inconfundível estilo do autor, que nos oferece uma obra profundamente original, bem ao jeito dos seus livros anteriores.

Pouco depois do 25 de Abril, os trabalhadores rurais do Sul ocupam a terra dos latifundiários para quem trabalharam como escravos ao longo de décadas. Em Aldeia Velha – local onde decorre a acção deste romance – a sociedade depara-se de repente com as mudanças criadas pela Reforma Agrária, mas também com as consequências do fim da Guerra Colonial e as novas liberdades trazidas pela Revolução.

Veremos, por isso, como reagem os que perderam as propriedades (e se insurgem ou resignam com a situação) e os que continuam a trabalhar de sol a sol, embora agora para seu próprio sustento. E também os que, depois de terem lutado anos pela democracia, são agora membros do Partido e ocupam funções de relevo, ou os que acreditaram no mundo perfeito e vêem os seus sonhos esfarelar-se todos os dias. Mas há também coisas que nunca mudam, por mais que os tempos tenham mudado: a bisbilhotice, a mentira, a má-língua, a maldade, o sofrimento.

Num romance em que a verdadeira personagem é a própria aldeia – na qual o bulício das vidas individuais funciona como uma espécie de música de fundo – é curiosamente o carteiro – aquele que passa em todas as ruas e portas – o elo de ligação entre o padre, o merceeiro, o médico, a amante, o corno, o ricaço, o presidente da Junta e muitos outros, trazendo-nos a forma como cada um assimila os novos tempos e perspectiva o futuro. Porém, o muito que este homem cala é talvez aquilo que mais importa.

«Apesar de certas construções não conseguirem abandonar o estado de esboços – até certo ponto inevitável, em tão ampla criação de personagens –, algumas há que se erguem com dignidade romanesca, como o protagonista epónimo e a sua mãe.»
Hugo Pinto Santos sobre Os Demónios de Álvaro Cobra

«Fiquei a pensar: no nosso quotidiano, quantas vezes somos cúmplices de tantas injustiças e nada fazemos, como os santos, de rosto compassivo e coração de pedra?»
Adriana Nogueira sobre Mal Nascer

«Além da qualidade da escrita, marcada fortemente pela pertença à margem esquerda do Guadiana, muitos são os "casos", anedotas e trocadilhos — não fosse esta região tão prodigiosa em dar alcunhas — que o autor usa para compor, em densidade, a sua galeria de personagens, com quase tudo de alentejano mas também com um toque de "realismo mágico".»
Maria do Carmo Piçarra sobre As Viúvas de Dom Rufia

«Indubitavelmente, o melhor romance de Carlos Campaniço e, de certo modo, síntese e símbolo da sua obra romanesca.»
Miguel Real sobre Velhos Lobos


Carlos Campaniço
nasceu na aldeia de Safara, no concelho de Moura.
Aí viveu até ingressar na universidade, onde cursou Línguas e Literaturas Modernas.
É também mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo, tendo obra publicada sobre a matéria.
É programador artístico.
Publicou vários romances desde 2007, entre eles Os Demónios de Álvaro Cobra (Vencedor do Prémio Literário Cidade de Almada), Mal Nascer (Finalista do Prémio LeYa e vencedor do Prémio Mais Literatura promovido pela revista Mais Alentejo), As Viúvas de Dom Rufia e Velhos Lobos.

Literatura Lusófona
272 páginas
21,90 Euros
ISBN: 978-989-58-1639-2
1.ª Edição: Outubro 2025
Casa das Letras | Leya

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