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Já são conhecidos os grandes vencedores do Sovereign Portuguese Arte Prize 2025
A Associação SAF (SAF) anuncia Edgar Martins como o vencedor do Grande Prémio do Sovereign Portuguese Art Prize 2025 e destinatário de 25.000 € pela obra Anton’s Hand is Made of Guilt.
Esta é a quarta edição do prémio anual que reconhece artistas contemporâneos excecionais a viver em Portugal e na diáspora portuguesa.
Este ano marca também a estreia do Prémio Feminino, lançado em parceria com a Sassy Women Society. A primeira vencedora é Alice Marcelino, distinguida com 2.000 € pela obra Black Skin White Algorithm. Inspirada no manifesto Pele Negra, Máscaras Brancas, de Frantz Fanon, esta obra explora como as ideologias coloniais persistem nos sistemas algorítmicos, onde a negritude é frequentemente codificada como ameaçadora ou desviante. O prémio celebra a finalista feminina com a pontuação mais alta atribuída pelo júri, excluindo o vencedor do Grande Prémio, reforçando a visibilidade das artistas mulheres em Portugal.
O Prémio do Público, no valor de 2.000 €, será atribuído no final da Exposição dos Finalistas.
Os visitantes podem votar presencialmente na Sociedade Nacional de Belas Artes ou online.
Os vencedores do Grande Prémio e do Prémio Feminino foram anunciados num jantar de beneficência e leilão ao vivo, realizado no sábado passado, 22 de novembro de 2025, no Palácio da Bacalhôa. As obras selecionadas foram leiloadas pela Phillips, num evento que contou ainda com uma atuação do violinista de renome internacional Dr. Draw.
Ambos os vencedores foram selecionados por um júri, constituído por oito peritos de arte a nível mundial.
David Elliott, Presidente do Júri, afirmou sobre o prémio desta edição:
As ironias brutalmente cruéis que nos confrontam diariamente nos noticiários fazem parte do tema da obra vencedora de Edgar Martins. Ancorada simultaneamente no presente e no passado recente, a obra foi desencadeada pelo desaparecimento e morte ainda inexplicados do seu amigo, o fotojornalista Anton Hammerl, durante a Guerra da Líbia, em 2011. Trata-se de um crime sem testemunhas ou qualquer prova adicional — um vazio que Martins tem explorado noutros trabalhos, bem como na obra vencedora Anton’s Hand is Made of Guilt. No Muscle or Bone. He has a Gung-ho Finger and a Grief-stricken Thumb.
O título enigmático e a representação surreal de três figuras veladas e anónimas sugerem, talvez, que tanto o consumismo como o fanatismo são expressões equivalentes de violência ou opressão. No caso de Anton, porém, a sua “culposa” compaixão ao expor a vida na sua desigualdade e fealdade conduziu-o apenas ao esquecimento.”
EXPOSIÇÃO DAS OBRAS FINALISTAS
SOBRE OS ARTISTAS VENCEDORES
Edgar Martins é o vencedor do Grande Prémio Sovereign Art Prize 2025. Nascido em 1977, em Évora (Portugal), é um artista visual cuja prática combina fotografia, arquivo e investigação, frequentemente em colaboração com instituições de acesso restrito como o CERN, a ESA ou a Polícia Metropolitana do Reino Unido. Trabalha temas recorrentes como guerra, migração, encarceramento, tecnologia e urbanismo. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, com distinções como o Sony World Photographer of the Year (2023) e o International Photography Awards – Film Photographer of the Year (2023).
Alice Marcelino é a Vencedora do Prémio Feminino Sovereign Art Prize 2025. Nascida em 1980 (Portugal), é uma artista visual que trabalha sobretudo com fotografia e processos digitais, investigando como a migração, a tradição e a identidade se reconfiguram na contemporaneidade. Através de técnicas como a conversão de imagens em código ASCII, questiona a forma como sistemas algorítmicos reproduzem ideologias coloniais e desumanizam corpos racializados. A sua prática cruza arquivo, tecnologia e crítica social, com exposições em espaços como o Padrão dos Descobrimentos (2024), 1-54 Fair Londres (2023) e AKAA Paris (2022).

