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Lídia Jorge vence Prémio Pessoa de 2025
Depois do compositor Luís Tinoco, a escritora Lídia Jorge é a vencedora da edição deste ano do Prémio Pessoa. Júri destaca a sua "intervenção cívica corajosa", que "tem contribuído decisivamente para enriquecer o debate democrático".
Aos 79 anos, a escritora Lídia Jorge é a vencedora do Prémio Pessoa 2025. O anúncio foi feito esta quinta-feira no Palácio de Seteais, em Sintra, onde esteve reunido o júri presidido por Francisco Pedro Balsemão. A autora de “Misericórdia” sucede ao compositor de música portuguesa Luís Tinoco distinguido em 2024.
Lídia Jorge que é também conselheira de Estado, é a primeira mulher escritora a receber este galardão e a sétima mulher distinguida em 39 edições. Nascida em Boliqueime, no Algarve foi a personalidade escolhida por Marcelo Rebelo de Sousa para o discurso do 10 de junho no ano passado, em Lagos.
A deliberação foi lida por Francisco Pedro Pinto Balsemão. Nas palavras do júri “a obra de Lídia Jorge incide sobre um espetro muito amplo de temáticas, desde o impacto de situações vivenciais extremas nos seus personagens à recriação de contextos que evocam momentos históricos decisivos da vida portuguesa do último século, em particular no período pós 25 de Abril, como a descolonização, a transição da ditadura para a democracia, a exclusão social e a emergência de novos fenómenos de discriminação e fratura social”.
No passado, autora da "Costa dos Murmúrios" já recebeu, entre outros os prémios Eduardo Lourenço, em 2023 ou o Prémio Médicis para melhor livro estrangeiro. Segundo o júri, a “escrita criativa e diversificada” da autora “tem sido capaz de revelar o poder da literatura para ajudar a compreender os grandes desafios do mundo contemporâneo e a sua intervenção cívica corajosa tem contribuído decisivamente para enriquecer o debate democrático” em Portugal.
Na abertura da cerimónia, Francisco Pedro Balsemão referiu que esta é a primeira edição do prémio, sem a participação do seu pai, Francisco Pinto Balsemão, um dos impulsionadores e entusiastas deste prémio. "A sua ausência foi, admito, quase insuportável", afirmou o filho do antigo primeiro-ministro. Balsemão expressou, em nome do júri, a "enorme gratidão pela obra que deixou, concretamente pelo legado que é o Prémio Pessoa".
Com um valor de 70 mil euros, este prémio é uma iniciativa do semanário "Expresso", com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos que visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país.
Este ano o júri foi constituído por Paulo Macedo como vice-presidente, Ana Pinho, Ana Tostões, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Emílio Rui Vilar, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
Esta é a 39.ª edição do Prémio Pessoa que no passado já distinguiu entre outros a pianista Maria João Pires, o poeta Vasco Graça Moura, o neurocirurgião João Lobo Antunes, o encenador Luís Miguel Cintra, o arquiteto João Luís Carrilho da Graça, o ensaísta Eduardo Lourenço, os cardeais D. Manuel Clemente e Tolentino Mendonça ou a investigadora Maria Manuel Mota.
por Maria João Costa in Renascença | 11 de dezembro de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

