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Dez filmes portugueses estreiam nos cinemas no início de 2026
Cerca de uma dezena de filmes portugueses chega às salas de cinema nos primeiros meses de 2026, incluindo “Terra Vil”, de Luís Campos, e “Vitória”, de Mário Patrocínio, duas estreias na longa-metragem de ficção.
Na quinta-feira, 1 de janeiro, estreia-se o filme “Os enforcados”, do realizador brasileiro Fernando Coimbra, coproduzido por Portugal pela Fado Filmes.
“Os enforcados” é um 'thriller' sobre um casal - Regina e Valério - perante um dilema, depois da morte do pai dele, o maior líder do crime no Rio de Janeiro: não querem ser arrastados para o mundo do crime, assumindo os negócios do pai, mas têm dívidas e despesas que não conseguem pagar.
O filme, estreado em 2024 no festival de Toronto, é interpretado por Leandra Leal e Irandhir Santos, atores aos quais se juntou o português Pêpê Rapazote.
De acordo com informações disponibilizadas por produtoras e distribuidoras, a 12 de fevereiro estreia-se o documentário “La vie de Maria Manuela”, realizado por João Marques, registo de quatro anos de vida de uma jovem mulher, que se celebrizou nas redes sociais e num 'reality show' na televisão portuguesa, que está “em processo de afirmação pessoal e criativa”.
O filme propõe ainda uma reflexão sobre a “Geração Z”, “profundamente moldada pela presença das redes sociais e pelas novas formas de vida, identidade e exposição que emergem deste contexto”, refere a sinopse.
Ainda em fevereiro, no dia 19, chega aos cinemas “Primeira Pessoa do Plural”, de Sandro Aguilar, que já fez o circuito internacional de festivais.
O filme é protagonizado por Albano Jerónimo e Isabel Abreu, nos papéis de um casal à beira de celebrar 20 anos de casamento, e também por Eduardo Aguilar, que interpreta o filho adolescente.
É um núcleo familiar em mágoa e em desequilíbrio que tenta não ser engolido pela perda de uma filha, “o vórtice de uma tempestade”, como contou Sandro Aguilar à Lusa em janeiro passado, quando o filme esteve no Festival de Roterdão.
Em novembro, Albano Jerónimo e o diretor de fotografia Rui Xavier foram distinguidos na Mostra de Valência – Cinema do Mediterrâneo, em Espanha, por este filme.
A 26 de fevereiro está prevista uma dupla estreia: a ficção “Terra Vil”, de Luís Campos, e o documentário “Balane 3”, de Ico Costa.
“Terra Vil” é a primeira longa-metragem de Luís Campos, com Lúcia Moniz e Rúben Gomes no elenco, para contar uma história sobre ruralidade, subdesenvolvimento, figuras patriarcais e violência doméstica.
O filme aborda ainda o acidente de Entre-os-Rios, ocorrido em 2001, quando a ponte que ligava esta localidade a Castelo de Paiva caiu sobre o rio Douro, causando 59 mortos.
“Balane 3” fala sobre a vida dos habitantes de um bairro em Inhambane, no sul de Moçambique, onde Ico Costa tem filmado com regularidade.
Segundo a sinopse, “as personagens deste filme trabalham como pescadores, talhantes ou lavadores de carros, vão à escola, hospitais, cabeleireiros e mercados, bebem e dançam à noite, falam de política, doenças, amizades, amor e sexo. Falam bastante de sexo”.
Este filme tinha exibição prevista para o festival IndieLisboa, mas foi retirado da programação depois de denúncias sobre casos de violência doméstica contra Ico Costa, que o cineasta sempre negou.
Em março, no dia 05, estreia-se “Maria Vitória”, de Mário Patrocínio, título que remete para uma jovem que está determinada a ser profissional de futebol, numa aldeia remota em Portugal.
Primeira longa-metragem de ficção de Mário Patrocínio, “Maria Vitória” é protagonizado por Mariana Cardoso, Miguel Borges e Miguel Nunes e já esteve em competição no Festival de Cinema de Tóquio.
“C’est pas la vie en rose” é o título do filme de Leonor Bettencourt Loureiro, com estreia marcada para 12 de março, e que, entre a ficção satírica e o documentário, fala sobre Lisboa gentrificada, tomada pelo turismo e pela especulação imobiliária.
O documentário “Bulakna”, de Leonor Noivo, que coloca em foco a migração de mulheres filipinas para trabalharem como empregadas domésticas no Ocidente, estreia-se a 19 de março.
Esta produção retrata duas mulheres filipinas, uma mais jovem que quer sair do país para trabalhar como empregada doméstica, apesar da relutância de colegas e amigos, e uma outra, mais velha, que deixou o trabalho na rádio no país natal para ter esta ocupação, na casa de uma família abastada em Lisboa.
Em abril assinalam-se, pelo menos, as estreias de “O Barqueiro”, de Simão Cayatte (dia 09 de abril), e “Projeto Global”, de Ivo M. Ferreira.
Para 2026, está prevista a estreia de outros filmes de produção nacional, ainda sem data anunciada, nomeadamente “Pai Nosso - Os últimos dias de Salazar”, de José Filipe Costa, “18 buracos para o paraíso”, de João Nuno Pinto, ou “Playback”, de Sérgio Graciano.
Este ano, estrearam-se mais de 50 filmes portugueses ou com coprodução portuguesa nas salas de cinema, dos quais “O pátio da saudade”, de Leonel Vieira, foi o mais visto com 69.562 espectadores, segundo dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).
Ainda que provisórios, os dados indicam que o segundo filme português mais visto foi “Lavagante”, de Mário Barroso, com 21.619 entradas, e o terceiro foi “O lugar dos sonhos”, de Diogo Morgado, com 17.931 bilhetes emitidos.
Com dados do ICA contabilizados até novembro, o cinema português somou este ano 218.572 espectadores, o que representa uma quota de apenas 2,3% do total de entradas em 2025.
Fonte: LUSA | 30 de dezembro de 2025

