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Uma Peça | Um Museu

Cruz de D. Sancho I

Esta é uma das raras peças da ourivesaria europeia do século XIII que chegou aos nossos dias quase intacta, apesar do seu atribulado percurso histórico. Uma peça do Museu Nacional de Arte Antiga.


Cruz de D. Sancho I

Portugal, 1214
Ouro, safiras, granadas, pérolas e aljôfares
Inscrição: DÑS. SANCIVS. REX. IVSSIT. FIERI. HÃC. ÃNO. ÎCARNATIOÎS: MCXIIII
Prov. Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra
Inv. 540 OUR

No testamento de D. Sancho I (segundo rei de Portugal), datado de 1210, consta o seguinte: “ao Mosteiro de S. Cruz, em que mando sepultar meu corpo, (…) dou a minha copa de ouro para que façam dela uma cruz”.

Em ouro maciço, de excelente execução, com pedras preciosas e pérolas encastoadas, é esta a cruz que foi mandada lavrar pelo monarca, apresentando vestígios de haver contido, na face anterior do cruzamento dos braços, a relíquia do Santo Lenho (hoje desaparecida), deixada aos crúzios de Coimbra pelo seu fundador, D. Afonso Henriques.

O reverso é delicadamente aberto a buril, tendo ao centro, inserido numa rosácea lobulada, o Agnus Dei – o cordeiro, símbolo do sacrifício e da morte do Redentor, figurado de pé porque Ressuscitado. Nas extremidades dos braços, em forma de flor-de-lis, representam-se os símbolos dos quatro evangelistas: a águia de S. João, o leão de S. Marcos, o touro de S. Lucas, e o Anjo de S. Mateus. Finalmente, a legenda gravada, seguida da data, estende-se como um ornamento no segmento inferior da haste vertical.

Esta é uma das raras peças da ourivesaria europeia do século XIII que chegou aos nossos dias quase intacta, apesar do seu atribulado percurso histórico. A cruz fazia parte de um elaborado programa de relíquias que se guardavam na cripta do mosteiro. Nela fora reconstituído o Calvário tendo ao centro o Santo Lenho, colocado nesta cruz de oiro, ladeado por relíquias de São João Evangelista, da Virgem Maria e, na base, pedras do monte Gólgota. Assim se manteve até ao século XV, quando um dos priores do mosteiro resolveu empenhar a cruz para custear os estudos de um filho na Universidade de Bolonha. Quando foi resgatada, por outro prior crúzio, a peça vinha já sem a sua mais preciosa “gema”: o Santo Lenho. Apesar de depois se ter recuperado a relíquia, a sacralidade da cruz achou-se irremediavelmente perdida.

Tendo permanecido, durante muitos anos, guardada no santuário de Santa Cruz até à extinção das ordens religiosas em 1834, recolheu à Casa da Moeda e depois ao cofre do Palácio das Necessidades. Deu entrada em maio de 1916 nas coleções deste Museu.

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