Uma Peça | Um Museu
Virgem com o Menino de Hans Memling
Tendo por fundo uma bela paisagem plana e verdejante, a Virgem apresenta-se sob um arco moldurado e o Menino repousa sobre um tapete oriental disposto num parapeito.
Uma peça do Museu Nacional de Arte Antiga.

Virgem com o Menino
Hans Memling (c. 1430/40 - 1494)
c. 1485
Óleo sobre madeira de carvalho
Prov. Convento de Jesus, Setúbal
Inv. 1065 Pint
A pintura cria assim um efeito plástico de “janela” e de ligação entre o domínio sagrado da representação e o espaço profano do observador. O significado dos serenos gestos em torno de uma maçã, fruto que o Menino toma para si da mão esquerda da Virgem, significa a assunção dos pecados do mundo por Jesus e o papel intercessor de Maria nesse desígnio de redenção.
Única pintura em Portugal do grande mestre de Bruges, pode tratar-se do painel de um díptico em que, à direita, figuraria a imagem do doador em atitude de veneração, segundo uma tipologia muito em voga na pintura religiosa flamenga dos finais do século XV e que o próprio Memling adotou numa das suas obras mais célebres, o díptico de Maarten van Nieuwenhoe (Bruges, Sint-Janshospital), onde a representação da Virgem com o Menino é aliás muito semelhante à deste painel.
A proveniência da peça — o Convento de clarissas de Setúbal, fundado em 1489 por D. Justa Rodrigues, ama do rei D. Manuel — abre a possibilidade de a pintura ter sido uma das peças oferecidas pelo imperador Maximiliano da Alemanha a sua prima D. Leonor (1458-1525), viúva do rei D. João II e irmã de D. Manuel.