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Teatro

"Quarteto" de Heiner Müller

Peça de Heiner Müller parte de "Ligações Poderosas" de Choderlos de Laclos e aborda um jogo de sedução e manipulação de dois ex-amantes. Albano Jerónimo e Lígia Roque são os protagonistas de "Quarteto".

Quarteto ©João Tuna Quarteto ©João Tuna Quarteto ©João Tuna

21 Jan a 7 Fev 2016

Teatro Carlos Alberto
Rua das Oliveiras, 43, Porto


Com encenação de Carlos Pimenta, peça revela o jogo de manipulação de dois ex-amantes. Em cena, no Porto, até dia 7 de fevereiro

 

A partir do dia 21 de janeiro, no Teatro Carlos Alberto (Porto), será possível conhecer o jogo de sedução e manipulação de Valmont (Albano Jerónimo) e Merteuil (Lígia Roque). O espetáculo parte de As Ligações Perigosas de Choderlos de Laclos, romance epistolar do final do século XVIII, célebre também pelas várias adaptações cinematográficas, com destaque para a de Stephen Frears. Curiosamente, Heiner Müller assume ter lido a obra que lhe serviu de inspiração “na diagonal”.

 

Quarteto – banida na RDA logo em 1981 por ser considerada“pornográfica” – é uma peça sobre o desejo e a manipulação, escrita perto de Roma, durante o processo de separação de Heiner Müller. Foi considerada “imoral”, como cómica, tendo sido já alvo de inúmeras representações, bem diferentes entre si. A ação situa-se, de acordo com Heiner Müller, num “salão antes da Revolução Francesa / Um bunker depois da Terceira Guerra Mundial”, acompanhando o espaço temporal de 1782, data de saída de As Ligações Perigosas de Laclos, e a Terceira Guerra Mundial, que estaria já em curso em 1981.

 

Os corpos de Valmont e Merteuil vivem ou sobrevivem há 200 anos e nesse bunker, antecipando o fim próximo, vão revivendo histórias e trocando de máscaras e papéis, deixando sobressair outras personagens ou vítimas do dueto, como Madame Tourvel ou a jovem Volanges. “As personagens assumem um jogo de espelhos em que as máscaras que vão pondo lhes permitem a possibilidade de regresso às suas disputas sexuais e amorosas”, refere o encenador Carlos Pimenta.

 

As personagens assumem um jogo de volúpia entre passado e futuro, testando os seus limites e confrontando-se com o que agora são, já que não há nada a perder. “Os seus corpos têm um destino já traçado. Ambos o sabem. Por isso, os velhos amantes digladiam-se e na violência com que o fazem pressentimos que o tempo vence sempre”, acrescenta o encenador.

 

Quarteto resulta deuma coprodução entre Centro Cultural de Belém (CCB) e TNSJ. O espetáculo está em cena no TeCA até dia 7 de fevereiro: quarta-feira às 19h00, de quinta a sábado, às 21h00, e no domingo, às 16h00. A peça é para maiores de 16 anos e o preço dos bilhetes é de 10 euros. O espetáculo poderá ser visto no CCB, em Lisboa, de 18 a 21 de fevereiro.

 

Obra de Müller em debate no dia 30 de janeiro, às 18h30

No dia 30 de janeiro, sábado, às 18h30, o TeCA continua a celebrar Heiner Müller, um dos criadores para influentes e uma das consciências mais agudas da dilacerada Europa do pós-guerra. O encontro vai reunir José A. Bragança de Miranda, investigador, ensaísta e professor universitário, Carlos Pimenta e Nuno Carinhas, diretor artístico do TNSJ, e terá a moderação de Pedro Sobrado. Durante a conversa, ainda haverá tempo para abordar Quarteto, considerada uma obra de cariz moderno e que constitui uma peculiar tentativa do autor em renovar a escrita dramática. A iniciativa é de entrada gratuita.

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