Exposições
INQUIETAÇÃO | Manuela Pimentel & JAS
Serão apresentadas obras realizadas por dois artistas que partilham o mesmo atelier e em diferentes suportes e técnicas constroem uma narrativa que parte da inquietante constatação de que “o Mundo é um modo assumido de relação com o outro. A inquietação de que se trata aqui é também a de José Mério Branco. "Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer. Qualquer coisa que eu [nós] devia perceber.”
19 Mai a 18 Jul 2020
De maneira poética, delicada, amorosa, Manuela Pimentel encontra nas ruas o mote, a inspiração e a matéria-prima para o seu trabalho. Velhos cartazes arrancados das paredes são por suas mãos transformados em “azulejos” que estabelecem com o espectador uma relação de familiaridade e proximidade e, ao mesmo tempo, de certa estranheza. O trabalho de João Alexandrino (JAS) inquieta pelo aparente contraste com a delicadeza sugerida nas imagens criadas – ou recriadas – por Manuela e pela forma com que o artista transforma pequenas biópsias da realidade em instrumento artístico com múltiplas possibilidades de interação. Em Inquietação, os autores apresentam, sobretudo, mundos complementares. Visões que interagem na cumplicidade de rotinas e de afetos.
Entre os trabalhos patentes, estarão obras da série “Retratos”, produzidas por JAS entre 2016 e 2018. As pinturas têm como suporte páginas de livros adquiridos pelo artista em alfarrabistas no Rio de Janeiro, ponto de partida do projeto, e fazem alusão “geração do retrato”, nas palavras de JAS, em que a superexposição da imagem impõe quase como regra. O artista mostra também um trabalho inédito (2020), um grito de alerta diante da vaga de extermínio e invasão do território que vitima atualmente etnias indígenas no Brasil.
De Manuela Pimentel, a Cisterna recebe peças como “Confessionário” (2017), que reflete a experimentação da artista relativamente a um novo suporte, neste caso, um oratório encontrado na rua, aproximando o seu trabalho da trajetória de JAS.