Adoptando os oceanos enquanto domínio de investigação antropológico, o carácter metafórico do seu trabalho plástico e visual privilegia uma intensidade poética e emocional, convidando o observador a uma reflexão especulativa sobre as relações entre as pessoas e o mar e, implicadamente, sobre a essência da acção humana. Neste âmbito, Sara Ferrer envolve-se na natureza atlântica e nos legados históricos de Belém, enquanto fulcro geográfico e simbólico da aventura portuguesa além-mares, e da Ermida N. Senhora da Conceição, enquanto lugar cultural do outrora povoado piscatório local de Belém. O apelo da ideia cultural da saudade portuguesa surge naturalmente como estímulo e desafio, não com a pretensão da sua clarificação, mas enquanto activação da particularidade da memória e do imaginário pessoais e íntimos do observador.