Exposições
O Museu do Aljube apresenta a mostra fotográfica "Os Olhos da Memória"
A exposição é composta por 50 fotografias do fotógrafo português Armindo Cardoso, que nos contam a história recente de um país, o tempo entre a revolução de 1974/75 e o período pós-revolucionário, entre 1976 e 1980.


12 Nov a 10 Jan 2021
As imagens fixas podem, paradoxalmente, ser fluídas. Operários, agricultores, corticeiros, mineiros, pescadores, manifestações e reuniões de trabalhadores. Mas também rostos de intelectuais e artistas. O trabalho e as lutas laborais parecem ser o objeto privilegiado deste conjunto de imagens, mas estas acabam por revelar-nos mais.
O olhar de Armindo Cardoso percorre momentos críticos do que se convencionou designar por PREC, processo revolucionário em curso, como o 1º de maio de 1975 ou o cerco à Assembleia constituinte de novembro do mesmo ano. Mostra também o depois, o que normalmente fica de fora do cristalizado no retrato da revolução. Os anos de “refluxo”, de “contra-revolução” ou de “normalização”, consoante as narrativas. Os ecos de uma revolução, a continuação das lutas populares e operárias, ou mesmo da própria revolução, num diferente e desfavorável contexto político, institucional, económico e militar.
Na forma como Armindo Cardoso organiza esta sequência de fotografias há como que uma continuidade e uma coerência entre 1975 e 1980, não se faz sentir o corte tantas vezes presente na narrativa historiográfica que encerra o período revolucionário em novembro de 1975. As imagens das lutas e do mundo laboral da segunda metade da década de 70 pouco diferem afinal do que víamos nas fotografias de 1975. Novamente camponeses, operários, plenários, manifestações, o 1º de maio, os ecos das grandes lutas de 1974 e 1975, como a da Lisnave, ou a Reforma Agrária. Talvez até algo da revolução.
Armindo Cardoso
Armindo Cardoso nasceu em 1943, no Porto. Desde jovem que se envolveu no universo cultural ligado ao movimento cineclubista e ao Teatro Experimental do Porto. Militante da Frente Patriótica, é preso aos 21 anos devido à sua participação em atividade clandestina “contra a segurança do Estado”. Após prisão e tortura no Porto, cumpriu o serviço militar na Companhia disciplinar de Penamacor. Acabou por sair de Portugal a salto, em 1965, para Paris, onde desenvolveu a sua atividade profissional como fotógrafo. Em 1969 rumou ao Chile, onde trabalhou como fotógrafo para o governo de Salvador Allende. Com o golpe de 11 de setembro de 1973 foi obrigado a abandonar o Chile, regressando a França como refugiado político. Antes de fugir do Chile, Armindo Cardoso conseguiu enterrar duas caixas com negativos seus que retratavam aquele rico período da história chilena, que foram mais tarde resgatadas e adquiridas pela Biblioteca Nacional do Chile. Em Portugal, já expôs em locais como Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, a Fundação José Saramago, o Fórum Municipal de Castro Verde, o Fórum Romeu Correia, Almada, e Museu da Imagem, Braga.
Museu do Aljube Resistência e Liberdade
O Museu do Aljube Resistência e Liberdade é um museu municipal dedicado “à memória do combate à ditadura e à resistência em prol da liberdade e da democracia”. Localizado em Lisboa, o Museu do Aljube tem na sua agenda, além de exposições permanentes e temporárias, um Centro de Documentação que recolhe, trata e disponibiliza documentos e testemunhos relativos ao período da ditadura em Portugal e aos combates pela liberdade no séc. XX.
Horário:
Abertura ao público: todos os dias (com exceção da segunda-feira), das 11h às 17h (dias de semana) e 10h-18h (sábados e domingos).
Com exceção:
14/15 novembro: 10h-12h
21/22 novembro: 10h-12h
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