Exposições
Uma cobra naturalmente falsa com "criações-criaturas" de Evy Jokhova e Mané Pacheco
A galeria Balcony apresenta a exposição Uma cobra naturalmente falsa, com “criações-criaturas” das artistas Evy Jokhova e Mané Pacheco.

29 Mai a 10 Jul 2021
“A cobra, elemento sobre o qual as duas artistas estavam a trabalhar no momento do convite para esta exposição”, surge como “aglutinador” de conexões temáticas e modos de fazer. Porém, se existem “afinidades óbvias” entre o trabalho e as obras de Evy Jokhova e Mané Pacheco, “quer no magma temático explorado, quer no fazer manual especulativo”, a curadora Ana Cristina Cachola salienta que “as abordagens, os materiais e as técnicas são distintos e diferentes”.
Resistentes à “palavra-autoridade”, Jokhova e Pacheco usam e reusam materiais para a criar objetos “que promovem uma tão necessária ecologia do saber e do sentir”: integrativa, regenerativa, de coexistência e conexão à Terra. “Nesta exposição, não há paisagem; há forma, disforme e informe: desconstrução da maneira artificial e condicionada como observamos o natural”, explica a curadora, e “cada criação(-criatura) poderia “facilmente mudar de lugar”, porque “as obras respondem a uma lógica de convivialidade, mutuamente constitutiva”.
Uma cobra naturalmente falsa estabelece um sistema de trocas recíprocas e faz coabitar no espaço da galeria singularidades autorais, seres, espécies, condições e estórias. O projeto reúne instalação, escultura, objetos ou “criações-criaturas”, que conjugam natureza e natural, tecnologia e técnica, para abalar “modos de ver” a cobra, “entre a doença e a cura, o veneno e o antídoto”, e colocar “a exposição num lugar (desejado) de ambiguidade”, destaca Ana Cristina Cachola.
A exposição pode ser visitada até 10 de julho, de terça-feira a sábado, entre as 14h e as 19h30. A admissão na galeria Balcony encontra-se limitada a 10 pessoas em simultâneo, é obrigatório o uso de máscara facial e o cumprimento das normas da DGS a respeito do distanciamento social.
Evy Jokhova (Suiça, 1984)
Vive e trabalha entre Lisboa, Londres e Viena. Jokhova é uma artista multidisciplinar cuja prática dedica-se aos diálogos e relações entre a antropologia social, a arquitetura, a filosofia e a arte. Através do desenho, escultura, instalação, som, vídeo e performance, procura colmatar as lacunas entre as diversas áreas e as suas estruturas hierárquicas inerentes.
Obteve o seu MA Fine Art da Royal College of Art (2011) e MA Political Communications de Goldsmith College (2013). Jokhova recebeu os prémios de Arts Council Individual Grants Award (2018), Royal Academy Schools Fellowship (2016-19), Royal British Society of Sculptors Bursary Award (2017-18), Wien Kultur Förderung (2017) e Amsterdam Fonds voor Kultur (2018). Das suas residências artísticas contam-se Belvedere Museum Vienna (2017), Yarat Contemporary Art Space (2018), BijlmAIR Amsterdam (2017), Villa Lena (2017), Nida Art Colony (2017) e Florence Trust (2008-09). Exposições individuais: Between these lines I operate, Galeria Foco (Lisboa 2019); Weighed down by stones, Lily Brooke (Londres 2018); I dance for you my edifice, l’etrangere (Londres 2018); The Shape of Ritual, comissionado pelo Belvedere Museum (Viena 2017); How to live together, CBK Zuidoost (Amsterdão, 2018); Towering in the conditions of fragments, Passen-gers (Londres 2017); Staccato, Marcelle Joseph Projects (Londres 2016). Exposições coletivas recentes: On Photographic Beings, Latvian National Museum (Riga 2020); Nuovo Cinema Galleria, Galeria Vera Cortes (Lisboa 2020); Boundary Layers, Yarat Contemporary Art Space, (Baku 2019); Prevent this Tragedy, Dateagle / Vongoetz Art (Londres 2018); The Garden, Lisa Kandlhofer Galerie (Viena 2018); Contemporary Sculpture Fulmer, William Benington Gallery (Londres 2018), Better Living: Tenderflix film festival, The Horse Hospital (Londres 2017) entre outras. A artista é responsavel desde 2014 pelo projeto Allotment – uma investigação colaborativa que explora as relações sociais e cultura política através da comida. Os trabalhos de Evy Jokhova fazem parte de coleções públicas tais como British Government Art Collection, Reino Unido; Lafayette College Library, EUA; Royal College of Art, Reino Unido; e Royal Shakespeare Company, Reino Unido.
Mané Pacheco (Portalegre, 1978)
Vive e trabalha em Lisboa. Estudou e trabalhou na área de Ambiente/Educação para a Sustentabilidade, actividade que manteve a par das formações em Desenho (SNBA), Pintura (Ar.Co) e da Pós-Graduação em Design Urbano (Centro Português de Design e Universidade de Barcelona). Aos 28 anos ingressou na FBAUL, onde terminou o curso de Arte Multimédia com a Distinção de Mérito da Universidade de Lisboa e o Prémio BPI/FBAUL 2010. Foi professora assistente na Escola Superior de Teatro e Cinema (ramo Design de Cena).
A sua prática desenvolve-se de forma interdisciplinar, onde as diversas áreas de formação convergem num corpo de trabalho artístico (desenho, escultura, instalação, vídeo, fotografia, performance) conectado com esta diversidade de interesses.
Expõe regularmente desde 2010, ano em que participou no Festival de Landart Cascais e na ‘Residencia Artística para Creadores de Iberoamérica y de Haití en México’ (Fondo Nacional para la Cultura), tendo exposto no Museo Diego Rivera-Anahuacalli e no Centro Cultural de España en México. Salienta-se ainda a participação recente em exposições no Museu Colecção Berardo, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Galeria Municipal de Almada, Drawing Room Lisboa, Galeria Balcony, Galeria Zé dos Bois, Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Bienal Anozero’19, Casa das Artes Bissaya Barreto (Coimbra), Museu das Artes de Sintra, Galeria ‘O Armário’ e In Spite Of - Porto. Está representada em várias coleções das quais se destacam a Coleção António Cachola, William Allen Word and Image, Galeria Zé dos Bois e Museu das Artes de Sintra.