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Exposições

Instituto Cultural Romeno em Lisboa acolhe a exposição "Sobre a Paisagem"

Exposição comissariada por Marta Jecu, e organizada em colaboração com o Museu Nacional do Camponês Romeno (MNTR), Galeria Posibila (Galeria Possível), Anca Poterasu Gallery e Ivan Gallery.

25 Nov a 30 Jan 2022

Instituto Cultural Romeno
Rua do Barão n.º 10, 1100-072 Lisboa


A exposição integra raras placas fotográficas de vidro extraídas do arquivo fotográfico do Museu Nacional do Camponês Romeno de Bucareste, pinturas, fotografias e instalações da autoria de um grupo de artistas romenos contemporâneos de alto perfil: Horia Bernea, Nicu Ilfoveanu, Wanda Mihuleac, Patricia Morosan, Stefan Sava e Decebal Scriba. A inauguração terá lugar no dia 25 de novembro, às 18h00, na presença da curadora e do escritor português Nuno Júdice, que, por essa ocasião, fará uma leitura performativa inédita.

A exposição acompanha alguns momentos-chave da representação da paisagem no século passado na história cultural da Roménia e a maneira como a mesma se tornou numa forma de expressão de um credo político, cultural ou estético. A exposição não pretende apresentar uma sequência cronológica ou exaustiva. Materiais de arquivo do Museu Nacional do Camponês Romeno serão intercalados com obras de arte contemporânea. A forma como a paisagem é vivida, vista, reproduzida e disseminada revela diferentes agendas culturais com substrato político de várias épocas da história recente da Roménia.

“Sobre a paisagem" tem como ponto de partida as fotografias de Alexandru Tzigara-Samurcas, fundador do Museu de Etnografia e Arte Nacional de Bucareste (1906) e grande fotógrafo paisagista. As suas imagens de carácter bucólico e atemporal são investidas como símbolo de uma identidade rural perene, que era vista como um alicerce da nação romena, durante o período em que a Roménia começava a apresentar-se em exposições universais e procurava uma expressão coerente da sua identidade cultural. A coleção de documentos fotográficos de arquivo incluirá também algumas imagens do período comunista, quando a paisagem desapareceu quase completamente do material de propaganda, sendo apenas um acessório da imagem do camponês socialista, que tinha sido assimilado ao proletariado urbano.

Os artistas dissidentes do período comunista, inspirados na land-art, transformaram a paisagem e a natureza numa voz que exprimia de forma abstrata o que era censurado e reprimido durante a ditadura. Essa abordagem é específica nas obras do período comunista dos anos 1970 e 1980 de Decebal Scriba e Wanda Mihuleac, alguns dos poucos artistas romenos desta década que trabalharam com os meios da arte conceitual. A exposição incluirá também uma obra de Horia Bernea, fundador de um novo Museu Nacional do Camponês Romeno em 1989, concebido como um antídoto à instrumentalização comunista da ruralidade. A exposição integra também as obras recentes de Nicu Ilfoveanu e Patricia Morosan, baseadas em visões pessoais sobe a paisagem e o urbanismo, logo após a queda do comunismo e as suas consequências hoje em dia. As obras de Stefan Sava, também integradas na exposição, abordam o tema da paisagem como uma metáfora da identidade, sempre à procura de definir os seus limites identitários e o espaço de pertença em relação a um contexto político e cultural.

Nas obras incluídas nesta exposição, a paisagem é dotada da capacidade de desenvolver uma narrativa relacionada com a identidade coletiva de um determinado lugar e com a identidade individual do espectador. A paisagem, através da energia perene da natureza, é um agente de expressão emancipatória e de resistência às pressões sociais, à censura e repressão política. A paisagem é vista como um espaço livre no qual o indivíduo pode manifestar-se fora das convenções e restrições sociais, revelando o seu verdadeiro “eu”.

A exposição estará patente até 30 de janeiro de 2022, e poderá ser visitada de segunda à sexta-feira, entre às 09h00 e às 17h00. Mais informações: https://facebook.com/ICRLisboa

Marta Jecu (n. 1978) é curadora e investigadora do instituto CICANT (Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias), da Universidade Lusófona de Lisboa. Estudou história e teoria da arte e tirou um mestrado em antropologia em Bucareste. Concluiu o doutoramento na Freie UNiversitaet Berlin e o pós-doutoramento em Lisboa. Foi investigadora no IMeRA, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Aix Marseille e no Colégio de Estudos Mundiais, em Paris. Foi curadora de exposições como: Uma interpretação cultural da pedra, partes I, II, III (Lisboa, 2019-2020), Exposição individual Tadashi Kawamata no MAAT (2018, Lisboa), colaborou com o Instituto Cultural Romeno em Paris, em 2017.

Horia Bernea (1938-2000) foi um dos artistas romenos mais influentes a partir dos anos 60. Após estudos incompletos em matemática e arquitetura, Horia Bernea licenciou-se em desenho pelo Instituto Pedagógico de Bucareste. Na década de 1970 participou em inúmeras exposições individuais ou coletivas no estrangeiro, mas também na Roménia. Em 1971 ganhou o prémio "François Stahly" na Bienal de Paris. Em 1990 tornou-se diretor do Museu do Camponês Romeno.

Nicu Ilfoveanu (n. 1975) trabalha em áreas como fotografia, cinema e publicações fotográficas, sendo creditado com uma posição especial no âmbito da fotografia romena contemporânea. Licenciou-se pela Universidade Nacional de Belas-Artes de Bucareste, onde atualmente leciona fotografia. Está integrado no circuito cultural europeu e a sua atividade recente inclui exposições individuais no Mois de la Photo du Grand Paris 2017, no Uqbar Project Space em Berlim, Galeria Arsenal, Poznan etc., bem como participações em exposições coletivas. Álbuns de fotos publicados: SteamPunk Autochrome, Petite Histoire, ELECTRO +, Encontrados e Perdidos, Séries. Múltiplos. Realismos.

Wanda Mihuleac (n. 1946) licenciou-se pelo Instituto de Artes Plásticas „N. Grigorescu” de Bucareste. Vive e trabalha na França desde 1989. Continuou a estudar em Paris (Pantheon-Sorbonne, 1993-1994). Em 1988 foi bolseira do Ministério da Cultura da França na Cité Internationale des Arts. Recebeu o primeiro prémio internacional em 1972 na Bienal Internacional de Gravura de Cracóvia e, em 1973, ganhou o Segundo Prémio na Bienal Internacional de Xilogravura de Banska Bistrica. Alem disso, representou a Roménia na Bienal de Paris em 1982. Em 1996 criou a TranSignum, uma editora que publica edições limitadas e livros de coleção, acompanhados de gravuras, fotografias, obras originais.

Patricia Morosan (n. 1984, Roménia), vive e trabalha em Berlim e Atenas. Mudou-se para Berlim em 2007, onde estudou cinema e história da arte na Universidade Livre e fotografia na Ostkreuzschule. É curador e membro do coletivo internacional de fotógrafos "Temps Zero" (www.tempszero.com) e membro da organização artística Artistania (www.artistania.com). Em 2017 publicou o seu primeiro livro de fotografia na Dienacht e foi apresentado em Paris, na Photo - Polycopies e no Grand Palais. Em 2019 ganhou o prémio do júri no Fotofestival de Montpellier e o Prémio de Coragem da Associação de Mulheres Jornalistas da Alemanha.

Stefan Sava (n. 1982) combina fotografia, vídeo, performance e objeto, e os seus projetos são baseados num longo processo de reflexão teórica e investigação. Stefan Sava tirou um mestrado pela Universidade Nacional de Belas-Artes de Bucareste (Departamento de Foto-Vídeo) e um doutoramento pela mesma universidade, após uma investigação sobre o Holocausto na Roménia. Participou em exposições como: Arquivo fotográfico e história em transformação (exposição individual); Gates and Ploys. Casting a Shadow (com Ion Grigorescu); Mapping Bucharest: Arte, Memória e Revolução 1916-2016, Bienal de Viena (exposição coletiva), A invenção da verdade, Bienal de Veneza (exposição coletiva).

Decebal Scriba (n. 1944) vive em Fontainebleau-Avon desde 1991. É um artista que aborda meios como a fotografia, instalação, performance e videoarte, sendo ativo na área da arte conceptual em que integra o seu interesse para o desenho. No contexto do regime comunista, participou em diversos projetos no estrangeiro entre 1973 e 1988 que incentivaram a arte pelo correio, a chamada arte postal, como Objeto de Interferência, São Paulo ou o projeto ecológico Messagio Terra, Milão. Depois de 1990 participou nas exposições: When History Comes Knocking: Romanian Art from the 80s and 90s in Close Up, com curadoria de Judit Angel, Galeria Plano B, Berlim; The Poetics of Politics, comissariada por Olivia Nitis, Galeria Propaganda, Varsóvia etc. 

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