Formação
Jaime Ramos, um detetive do Porto
Curso breve orientado por Francisco José Viegas.

3 Out a 24 Out 2022
Ao longo de 30 anos, em livros como Longe de Manaus, Um Crime Capital, A Luz de Pequim ou Melancholia, de Francisco José Viegas, o detetive Jaime Ramos elege o Porto como a sua cidade, aquela de que conhece e reconhece os recantos, e de que vai inventariando tudo o que nela desapareceu e não regressará jamais – mas também aquilo que permanece como um sinal da melancolia portuense. O Porto é a sua casa e uma grande parte da sua vida.
A geografia das investigações de Jaime Ramos, ao longo de 12 livros, estabelece-se sobre o mapa do Porto, o lugar onde tudo acontece: crimes, histórias de amor, recordações, vidas perdidas e resgatadas, memórias da sua vida como investigador.
Herdeiro e representante de uma tradição de detetives da literatura policial, Jaime Ramos é, no entanto, um investigador especial: preocupa-o a distinção entre lei e justiça; define-se a si mesmo como um biógrafo de vidas desesperadas; discute com as armadilhas da História e com as poderosas endogamias portuguesas; construiu uma relação especial com a cozinha; recorda o seu passado político; como pessimista, é um cómico que enfrenta o sofrimento dos outros. Tudo o interessa, como um erudito; nada o comove aparentemente, como um homem que vive à parte.
Assim, em diálogo com os livros que protagoniza e com o seu autor, este curso breve procurará fazer a história sentimental de Jaime Ramos como detetive do Porto, numa analogia permanente com a literatura do género (o romance policial) e a ideia de que não existe literatura policial.
Uma das sessões será apresentada pelo poeta e médico João Luís Barreto Guimarães, que analisará a relação de Jaime Ramos com a medicina legal, as autópsias – e a melancolia propriamente dita.
Sessão 1
– As interrogações de um escritor. O policial género menor, uma luta de classes na literatura. Um género sem voz que o defenda.
– Poesia e narrativa. Contaminação. O meu caso.
Sessão 2
– Da ideia de mistério à história dos grandes detetives.
– Uma tradição portuguesa do policial. Ross Pynn, Frank Gold, Dick Haskins, Strong Ross, Dennis McShade – heteronímia e esconderijo.
– Os truques.
Sessão 3 por João Luís Barreto Guimarães
– Jaime Ramos: medicina, autópsias e melancolia. Como se mata nos livros.
Sessão 4
– Manual de escrita: montagem, pintura, música, melancolia.
– Como nasceu Jaime Ramos. As heranças de um detetive. As influências.
SEG 3, 10, 17, 24 OUT 18H—20H (4 sessões)
Inscrições
Até 2 de outubro, valor de 7€ ou 3 € para utilizadores inscritos nas Bibliotecas Municipais do Porto e cartão Porto.
Limitado à lotação do auditório.
+ info e inscrições aqui.