Manuel Teixeira Gomes (1860-1941) passou temporadas em Lisboa e fixou residência numa casa há muito demolida na Gibalta, local sobranceiro à foz do rio Tejo, conhecido hoje como Alto da Boa Viagem (Caxias, concelho de Oeiras). A memória que a capital tem do sétimo Presidente da República é, porém, praticamente nula. Resume-se a uma rua em Chelas e a espólio disperso por várias instituições culturais.

Esta exposição biográfica, que se inaugura no dia em que passam 100 anos sobre a tomada de posse de Teixeira Gomes como Presidente da República, salienta a sua faceta de colecionador e o seu longo autoexílio.

Teixeira Gomes foi uma figura cultural de relevo. Quando foi eleito para presidente da República, tinha já obra literária publicada e uma carreira diplomática que ajudara a credibilizar e consolidar o regime republicano em Londres, principal aliado português na época. Em 1925, desiludido com o rumo da República, abandonou o cargo e o país, iniciando um exílio errante que o levou até Bougie (nome francês da atual cidade argelina de Bejaia). Aí permaneceu na última década de vida. Instalado no Hotel L’Étoile, retomou a escrita, publicou livros e artigos, correspondeu-se com numerosos amigos e geriu, à distância, negócios e doações.

A Câmara Municipal de Lisboa foi uma das entidades a quem o antigo presidente legou parte da requintada e heterogénea coleção de arte. Pretendia criar um museu de mobiliário artístico, mas o projeto nunca foi concretizado e os objetos então doados integraram o acervo do atual Museu de Lisboa.

Para além de obras do acervo do Museu de Lisboa, a exposição integra peças do Museu Nacional de Arte Contemporânea, do Museu Nacional Machado de Castro, do Museu da Presidência da República e do Museu do Oriente. Os conteúdos são complementados com outros objetos, documentos e primeiras edições provenientes da Casa Pia Atlético Clube, Biblioteca Nacional de Portugal e Bibliotecas Municipais de Lisboa.