“Bantu” tem múltiplos significados: designa uma família de línguas faladas na África subsariana, mas pode nomear também uma linguagem própria que sobreviveu à imposição das línguas europeias, um mecanismo identitário, um signo que permaneceu vedado ao colonizador. Bantu, o título, acolhe tudo o que Victor Hugo Pontes quer ou imagina que o espetáculo, seja. Em Bantu, o coreógrafo que celebra, em 2023, 20 anos de carreira explora a linguagem universal da dança para estabelecer um ponto de encontro entre dois continentes e dois países com afinidades e memórias comuns.

O espetáculo resulta de um convite endereçado a Victor Hugo Pontes pelos Estúdios Victor Córdon e pelo Camões –Centro Cultural Português em Maputo, parceiros numa programação que visa promover a internacionalização da dança e criar pontes entre Portugal e Moçambique. Bantu coloca em relação técnicos, criativos e intérpretes portugueses e moçambicanos, aos quais se juntam a banda de rock-kuduro Throes + The Shine.

Esta temporada, o Teatro Nacional São João continua a construir uma relação de cooperação com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Depois de, em 2019, ter estabelecido uma parceria com Cabo Verde – que culminou na produção de KastroKriola, a partir da Castro de António Ferreira –, este ano é com a produção de dois espetáculos com Moçambique que o TNSJ reafirma o carácter transfronteiriço do teatro e da língua portuguesa. As Areias do Imperador, do luso-moçambicano Victor de Oliveira, que esteve em cena no Teatro São João entre 14 e 17 de setembro, e agora Bantu, de Victor Hugo Pontes, acrescentam dois capítulos ao romance inacabado entre o TNSJ e os PALOP.

Bantu estreia no dia 5 de outubro no Teatro São João, onde fica em cena até ao dia 8 de outubro. As sessões de quinta-feira e sábado são às 19h00, a sessão de sexta-feira é às 21h00, e a de domingo às 16h00. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros.