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Teatro

"Antigonick", de Anne Carson

De 15 a 25 de novembro, o Teatro da Rainha apresenta a sua última criação do ano, "Antigonick", de Anne Carson. A peça, que é também um exercício de tradução, apresenta o clássico grego, "Antígona", de Sófocles, aproximando-o da nossa contemporaneidade.

15 Nov a 25 Nov 2023

Pequeno Auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha
Rua Dr. Leonel Sotto Mayor, 2500-227 Caldas da Rainha
O Teatro da Rainha estreia dia 15 de novembro, no Pequeno Auditório do CCC, às 21h30, a peça “Antigonick”, da conceituada escritora canadiana Anne Carson, pela primeira vez levada à cena em Portugal neste espetáculo com tradução e dramaturgia de Isabel Lopes e encenação de Fernando Mora Ramos. Trata-se de uma versão da “Antígona”, de Sófocles, tragédia grega abordada ao longo dos séculos e de modos muito diversos por autores como Hölderlin, Bertolt Brecht, o compositor Carl Orff ou, mais recentemente, o filósofo Slavoj Žižek. Nesta releitura, Anne Carson, tradutora e professora de literatura grega antiga, propõe uma versão com claros intuitos pedagógicos, fazendo uso de um vocabulário contemporâneo e reduzindo radicalmente o texto original, conferindo desse modo à ação uma dimensão extraordinariamente rítmica.

Nascida em 1950, Anne Carson tem sido bastas vezes indicada para Prémio Nobel da Literatura. Professora de Estudos Clássicos, é também ensaísta e tradutora de Grego Antigo. Publicou vários livros de poesia, pela qual é bastante conhecida. Desde o livro de estreia, intitulado “Eros the Bittersweet: An Essay” (1986), que a sua escrita questiona constantemente as fronteiras entre géneros literários. Tem recebido variadíssimos prémios, quer pela sua poesia, quer pelas traduções de peças teatrais em que constam Eurípedes e Sófocles.

“Antigonick”, versão da “Antígona” de Sófocles, foi originalmente publicado em 2012. A este trabalho em concreto referiu-se a Autora como uma «tentativa de transmitir um movimento, um choque ou um obscurecimento que existe no texto original, o que nem sempre significa reproduzir as palavras e as frases originais pela mesma ordem. Uma peça é um conjunto de ações e de gestos, e é isso que precisa de ser traduzido do grego antigo para uma língua actual.»

Para o encenador Fernando Mora Ramos «Anne Carson converte os conflitos na sua expressão elementar, não lhes deixa, intencionalmente, mais respiração que a necessária para serem lidos como num esquema clarificador que, no fundo, remeta para um entendimento que capte o principal e que por aí permita aceder a outras subtilezas. Esta peça é também um modo de entrar na de Sófocles e nada perde por ter essa qualidade, uma singularidade com potencial pedagógico.» Esta singularidade será evidente, desde logo, em desvios pelas obras de Hegel, Beckett ou Brecht, assim como na introdução de uma nova personagem, de seu nome Nick. Daí o título “Antigonick”.

Com interpretações de Beatriz Antunes, Carlos Borges, Diogo Marques, Fábio Costa, Henrique Manuel Bento Fialho, Isabel Lopes, João Costa, José Carlos Faria, Mafalda Taveira e Nuno Machado, este espetáculo contará ainda com cenografia de José Serrão e iluminação de Jorge Ribeiro. No âmbito desta nova produção do Teatro da Rainha, receberemos dia 25 de novembro, às 16h, no Pequeno Auditório do CCC, o Professor Catedrático José Pedro Serra para uma conversa acerca de Antígona, personagem clássica que continua a inspirar acesos debates sobre o direito à desobediência civil, a emancipação feminina, a problemática do suicídio ou a oposição entre diversas formas de Estado tais como a tirania, a democracia e a anarquia. Encontro aberto ao público em geral com um extraordinário comunicador, autor da série “Mythos” exibida pela RTP.
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