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Música

Folia Nova - Concerto por Sete Lágrimas

Poesia portuguesa do tempo dos Descobrimentos, em novas composições da autoria de Sete Lágrimas. O álbum Folia Nova foi nomeado para Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita nos Prémios Vodafone PLAY 2024.

4 Mai 2024  |  19h30

Museu do Oriente
Avenida Brasília | Doca de Alcântara (Norte), 1350-352 Lisboa

Novo trabalho dos Sete Lágrimas que olha para a poesia portuguesa do tempo dos descobrimentos (séculos XV e XVI) para oferecer novas composições sobre a forma histórica da Folia.

O álbum Folia Nova – a apresentar neste concerto – foi nomeado como Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita nos Prémios Vodafone PLAY 2024.

SETE LÁGRIMAS
Filipe Faria e Sérgio Peixoto, direção artística
Filipe Faria, voz, percussão, viola de mão 4 ordens, bandurra descante
Sérgio Peixoto, voz
Pedro Castro, flautas
Tiago Matias, tiorba, guitarra barroca, guitarra romântica
João Hasselberg, contrabaixo

PROGRAMA

  1. Nunca foy mal nenhum moor, Filipe Faria (n.1976) e Sérgio Peixoto (n.1974) sobre Bernardim Ribeiro (1482?–1552?)
  2. Endechas a Ba?rbara escrava
  3.  
  4.  
  5.  
  6.  
  7. , Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Luiz Vaz de Camões (c.1524-1579/1580)
  8. Recercada octava sobre tenore "La Folia", Diego Ortiz (c.1510-c.1576)
  9. Es tan grave mi tormento, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Pêro de Andrade Caminha (1520-1589)
  10. Fandango, Tiago Matias (n. 1979)
  11. Ysabel y mas Maria, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Anónimo (s.XVI)
  12. Recercada primera sobre tenore "El passamezzo antiguo", Diego Ortiz
  13. Lágrimas de saudade, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Anónimo (s.XVI)
  14. Cantiga sua, partindo-se, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre João Roiz de Castel-Branco († após 1515)
  15. Recercada segunda sobre tenore "El passamezzo moderno", Diego Ortiz
  16. Dicen que me case yo, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Gil Vicente (c.1465–c.1536)
  17. Amor loco, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre anónimo (s.XVI)
  18. Soñava, madre, que via, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Pêro de Andrade Caminha (1520-1589)
  19. A partida que me aparta, Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre Anónimo (s.XVI)

Que razão teria a melodia?

Luís Pedro Cabral
Se por algum acaso cósmico o tempo se decantasse, se por algum ritual de necromancia se escutassem os pensamentos, se o tempo fosse um templo, se a fé fosse uma aia, se a eternidade fosse um instante e o destino simplesmente o que já foi, que falta nos fariam as palavras?

Se o amor fosse um lugar exato, se todos os mundos estivessem separados pelo que os une, se a ausência fosse uma equação perfeita, se houvesse um sítio onde todas as possibilidades eram possíveis e todas as impossibilidades impossíveis, se a razão fosse todas as coisas que não se explicam, se os corpos não necessitassem de outros, as almas de outras, de que nos serviria a linguagem?

Se o vazio fosse território e a queda ascendesse, se a matéria fosse um átomo, o universo, um astro, o caos, harmonia, as frações, inteiras, as profecias, passado, o passado, presente, se o sentimentos não se sentissem, se os sentidos não fossem exercidos, se tudo o que é não fosse, a estrofe, poema, as fragilidades, pedra, as recordações, éter, as peregrinações, sedentárias, se todas as coisas complexas fossem linearidades, se todas as ilusões fossem concretas, os ciclos, ciclo, um segundo, éon, a inteligência o inteligível, se as dúvidas fossem certezas, o prematuro, definitivo, o mutável, imutável, o irreal, realidade, se todos os cintilares fossem um espectro obscuro, a melancolia, satisfeita, se as multitudes fossem um ponto, as imensidões, um beco, os instrumentos, silêncio, a partitura, letra morta, se o céu e o inferno fossem um paraíso conjugal, se o fim fosse o final, que razão teria a melodia?

Nova Música Antiga

Luís Pedro Cabral
Filipe Faria e Sérgio Peixoto partiram de novo para o tempo, viajando pelo vasto território da língua, na sua métrica, ritmos e harmonias, como se levitassem entre-mundos, resgatando da poesia portuguesa dos séculos XV e XVI as palavras, para as reinventar em novos sons, novas melodias, trazendo-as para a contemporaneidade, em analepses de magia.

Os dois compositores escrevem os doze novos vilancicos que compõem Folia Nova, como estações cronográficas da intemporalidade, usando da "folia" - no Auto da Sibila Cassandra, de Gil Vicente (1465/1536), a folia, de origem portuguesa, é caracterizada como uma dança de pastores - o seu tradicionalismo harmónico e rítmico, para um universo conceptual, diálogos de criatividade, novas linguagens.

O vilancico é uma das mais importantes expressões poéticas e musicais da música sacra barroca da Península Ibérica, muito popular e amplamente executado do século XV aos confins do século XVIII. Na sua forma primitiva era do profano. À bolina da sua popularidade, disseminou em sacro território, como uma heresia que lentamente se tornou hóspede da liturgia.

DURAÇÃO 70’, sem intervalo
PÚBLICO ALVO M/6
PREÇO € 15 (descontos em vigor)
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