Inspirado no título homólogo da canção do duo musical cabo-verdiano Ferro Gaita, Fidel Évora, nascido na Cidade da Praia, Cabo Verde (1984) e criado no Barreiro, Portugal, em 'Beju Bafatada' ('Kiss Slap') apresenta uma exposição pop-up que decorrerá entre 9 e 29 de maio e que reúne duas linhas de trabalho de temporalidades díspares mas que, no entanto, se cruzam numa mesma abordagem à forma e à mensagem. Trata-se, por um lado, da série de litografias sobre papel que o artista desenvolveu durante a sua residência artística em 2022 na lendária casa de litografia e impressão artística Atelier Idem em Paris e, por outro, do seu mais recente trabalho, a colaboração com o músico português Slow J, onde Fidel, produzindo as imagens que servem de capa aos seus últimos singles e ao álbum que os compila, estabelece um discurso marcado por uma clara referência à revolução de 25 de abril de 1974 e que postula analisar e desconstruir a história de Portugal e o peso das suas ligações africanas e da questão pós-colonial.

“Beju Bafatada” é a síntese metafórica da forma como Fidel olha para a sua biografia e para a história luso-africana, já que ambos os projectos acabam por estabelecer uma visão agridoce das origens, da memória e da história - do público e do invisível - a nível individual e coletivo, das complexidades destas realidades diferentes e intersectadas que incutem uma dualidade nos sentimentos com que as podemos abordar.