Festivais, Festas e Feiras
Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis chega à 30ª edição
Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa (MUHNAC-ULisboa) convida todos a participar na XXX Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis, em 2016 sob o tema “Minerais e Biosfera”.



8 Dez a 11 Dez 2016
Com realização desde 1988, a Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis é já uma grande festa do Museu e uma marca na vida cultural da cidade, reunindo colecionadores e comerciantes de minerais, gemas e fósseis, oriundos de vários países da Europa, bem como um vasto público, representado por milhares de visitantes, que tem aqui uma oportunidade ímpar de adquirir ou simplesmente deleitar-se com a observação de exemplares únicos.
Fernando Barriga, Professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e membro da organização do evento, explica que a Feira é «uma amostra incrivelmente atraente da variedade de cores, formas e brilhos que caracterizam os minerais, as gemas e os fósseis» onde estes estão «disponíveis para aquisição, para todas as bolsas».
Mas para além da parte lúdica e de constituir um espaço de troca de informação e divulgação entre colecionadores e amadores, a Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis no MUHNAC-ULisboa possui em si uma forte componente científica, mais que não seja porque cada mineral, gema ou fóssil têm constituições e contextos de formação únicos.
«A ciência estará presente desde o mais humilde exemplar que, ao contrário das réplicas, contém em si a composição química e o arranjo estrutural reais, podendo ser objeto de estudo científico. Basta pensar nas faces dos cristais, que se repetem, sempre a ângulos iguais, de cristal em cristal de cada espécie. Porquê? Este é o tipo de pergunta a que a Ciência responde ao cidadão comum», explica a título de exemplo Fernando Barriga.
«Outro exemplo é o das universidades, institutos e empresas, que recorrem com frequência a exemplares dos museus (incluindo o MUHNAC) para estudos acerca desta ou daquela espécie mineral ou como padrões analíticos para estudar outros exemplares».
Não nos podemos esquecer que «os minerais contam histórias, muitas vezes apaixonantes, pois refletem as condições em que se geraram. Por exemplo, poucos sabem que o mineral mais abundante da Terra, um silicato de magnésio com a estrutura da perovskite, não consta de nenhuma coleção, pois transforma-se noutros minerais perto da superfície da Terra (a 670 km de profundidade)».
Devido à necessidade de divulgação de informações como estas, todos os anos juntamente com a Feira realiza-se um programa complementar de atividades de divulgação cultural e científica destinadas a jovens e adultos. Em 2012 falou-se sobre os “Minerais dos Fundos Marinhos”, em 2013 sobre os “Cristais”, em 2014 “A Cor dos Minerais”, em 2015 sobre os “Minerais para as Novas Tecnologias” e neste ano de 2016 optou-se por dar relevo ao tema “Minerais e Biosfera”, já que normalmente «a organização chama a atenção para temas atuais da Mineralogia e para contribuir para o esclarecimento de dúvidas recorrentes entre os mineralogistas amadores».
Assim, sendo que a Associação Mineralógica Internacional (IMA) elegeu como Mineral do Ano em 2015 a Chanabayaite (CuCl(N3C2H2)(NH3)·0.25H2O), a organização da Feira decidiu dar a conhecer melhor esta nova espécie mineral proveniente de Monte Pabellón de Pica, próximo da povoação de Chanabaya na região de Tarapacá, Chile.
É um invulgar mineral organometálico, não só por possuir uma estrutura cristalina única, com o anião 1,2,4-triazolato (N3C2H2)-, mas também porque constitui uma ponte entre a geosfera e a biosfera, ao resultar da interação de guano (que forneceu carbono e azoto), com a geosfera, visto ser o cobre proveniente de calcopirite existente no substrato geológico.
Fernando Barriga explica que «a biosfera depende muitíssimo das rochas (constituídas por minerais) e muitas rochas sedimentares são construídas por seres vivos. Por outro lado, existem minerais orgânicos (conhecidos desde os anos quarenta do século passado). Em 2015 foi descrita a chanabayaite, o primeiro mineral triazolato, simultaneamente de amónia e cobre, depois de serem há muito conhecidos sais de vários outros ácidos orgânicos e de hidrocarbonetos. O tema é fascinante, um bom exemplo de como a ciência pode interessar ao público não especialista».
O Museu Nacional de História Natural e da Ciência oferece uma vez mais a Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis e convida todos os visitantes a participar nas atividades a ela associada e a assistirem às conferências dos Professores Galopim de Carvalho e Fernando Barriga; uma terceira sessão servirá para divulgação de uma exposição intitulada “Mar Mineral”, que inaugurará no MUHNAC-ULisboa em 2017, por membros da equipa responsável, incluindo Liliana Póvoas e Inês Cruz. As conferências terão lugar a 9, 10 e 11 de Dezembro, pelas 16H00 (ver programa aqui).
Até lá ‘Save the date!’
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