"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Exposições

Olhares Transitórios

Exposição Individual de Joana Paraíso na Escola das Artes da Universidade Autónoma em Lisboa.

14 Nov a 31 Jan 2025

Escola das Artes da Universidade Autónoma
Rua Fernando Assis Pacheco, 207 1350-300 Lisboa
Preço
Entrada livre
A exposição Olhares Transitórios ocorre nos dois patamares superiores da escadaria central do edifício da Escola das Artes da Universidade Autónoma, onde apresento um conjunto de trabalhos intimamente ligados aos recursos, técnicas e linguagem do Desenho. Trata-se da segunda exposição individual que apresento no âmbito do projeto artístico Lugar Habitado, cuja pesquisa plástica e conceptual partiu da implementação de um percurso pedestre em Lisboa. Executado de forma faseada, este percurso pedestre procurou envolver as várias vertentes do espaço público (ruas, avenidas, praças, espaços verdes, etc.) e, por esse motivo, também dialoga com o espaço expositivo — um espaço transitório e de passagem, uma linha de ligação entre espaços (pontos de encontro).

A paisagem e as interações socioculturais que ocorrem numa cidade, como é o caso de Lisboa, encontram-se em constante transformação, conferindo-lhe uma organicidade única e irrepetível. Essa transitoriedade dos territórios é moldada ao longo do tempo tanto pelos indivíduos que projetam as cidades quanto por aqueles que nelas vivem. Nesse sentido, os trabalhos artísticos desenvolvidos partem de conceitos e questões que emergem da minha relação com este território, local onde resido atualmente.

Entendo que, em cada território, impera uma forma particular de caminhar, sendo que numa cidade, como é o caso de Lisboa, a estrutura urbana impõe-se ao sujeito e condiciona a sua ação. Rebecca Solnit compara a cidade a uma linguagem, que comporta simultaneamente várias limitações e possibilidades no ato de falar, ao afirmar que “a arquitetura limita onde se pode caminhar, mas o caminhante inventa outros caminhos para ir” (2002, p. 443). Assim, apesar do trajeto que planeei percorrer em Lisboa ter sido antecipadamente delineado, foi sendo confirmada ou alterada a sua rota de acordo com imprevistos ou vontades próprias e subjetivas no momento da sua execução.

Entendo que o ato de caminhar permite uma abertura a novas perspetivas, que emergem através do contato direto e sensorial com o território. Os trabalhos realizados evidenciam uma interação entre o ato de caminhar e a criação de narrativas individuais e coletivas, destacando o papel das relações socioculturais na construção de um sentido de pertença. Lugar Habitado é, assim, um projeto que procura colocar a relação pessoal da artista com o território em diálogo com os outros, contribuindo para a construção de uma identidade coletiva.

Solnit, R. (2002). Wanderlust: A History of Walking. Nova Iorque, Penguin Books.
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