Exposições
Olhares Transitórios
Exposição Individual de Joana Paraíso na Escola das Artes da Universidade Autónoma em Lisboa.
14 Nov a 31 Jan 2025
A paisagem e as interações socioculturais que ocorrem numa cidade, como é o caso de Lisboa, encontram-se em constante transformação, conferindo-lhe uma organicidade única e irrepetível. Essa transitoriedade dos territórios é moldada ao longo do tempo tanto pelos indivíduos que projetam as cidades quanto por aqueles que nelas vivem. Nesse sentido, os trabalhos artísticos desenvolvidos partem de conceitos e questões que emergem da minha relação com este território, local onde resido atualmente.
Entendo que, em cada território, impera uma forma particular de caminhar, sendo que numa cidade, como é o caso de Lisboa, a estrutura urbana impõe-se ao sujeito e condiciona a sua ação. Rebecca Solnit compara a cidade a uma linguagem, que comporta simultaneamente várias limitações e possibilidades no ato de falar, ao afirmar que “a arquitetura limita onde se pode caminhar, mas o caminhante inventa outros caminhos para ir” (2002, p. 443). Assim, apesar do trajeto que planeei percorrer em Lisboa ter sido antecipadamente delineado, foi sendo confirmada ou alterada a sua rota de acordo com imprevistos ou vontades próprias e subjetivas no momento da sua execução.
Entendo que o ato de caminhar permite uma abertura a novas perspetivas, que emergem através do contato direto e sensorial com o território. Os trabalhos realizados evidenciam uma interação entre o ato de caminhar e a criação de narrativas individuais e coletivas, destacando o papel das relações socioculturais na construção de um sentido de pertença. Lugar Habitado é, assim, um projeto que procura colocar a relação pessoal da artista com o território em diálogo com os outros, contribuindo para a construção de uma identidade coletiva.
Solnit, R. (2002). Wanderlust: A History of Walking. Nova Iorque, Penguin Books.