Exposições
"Colourama"
A mostra reúne a fotografia vibrante e onírica de Teresa Freitas com o trabalho introspetivo e delicado de Johnny Mae Hauser — uma celebração imersiva do poder emocional da cor.

10 Abr a 6 Jul 2025
No primeiro andar, a artista holandesa-alemã Johnny Mae Hauser apresenta fotografias da série Bildnis, naquela que será a sua primeira exposição em Portugal. Nascida em 1997, em Amesterdão, a prática fotográfica de Hauser é profundamente introspectiva, explorando as dimensões intangíveis da emoção humana através de uma paleta de tons suaves e frios. As suas imagens captam momentos de quietude e reflexão, criando um diálogo visual entre artista e público que é simultaneamente íntimo e universalmente ressonante.
Bildnis é uma série de autorretratos abstractos que explora a ligação entre a memória emocional e os objetos do quotidiano. Concebida em Londres, em 2021, durante um período de transição pessoal, a série nasce de um sentimento de invisibilidade, transformando-se numa investigação do indizível através de composições pictóricas e desfocadas de natureza-morta. Ao rejeitar a nitidez da fotografia tradicional, Hauser convida o público a envolver-se com aquilo que está para além do visível — onde memória, perceção e realidade se fundem.
Um aspeto característico do trabalho de Hauser é a sua abordagem à impressão e apresentação. Privilegia a técnica de impressão C-Print, que confere uma materialidade delicada às imagens, e evita deliberadamente o uso de molduras ou vidro, permitindo que as fotografias permaneçam expostas e sem filtros — intensificando o seu impacto emocional.
A fotógrafa portuguesa Teresa Freitas é reconhecida pela forma como manipula, com mestria, a cor e a luz, criando imagens que habitam um universo poético entre o natural e o artificial. Através da série Cinematica, Freitas esbate as fronteiras entre a estética digital e a nostalgia, frequentemente marcada por tons pastel suaves e uma paleta de cor-de-rosa algodão-doce, assinatura da artista. Nesta exposição, no entanto, o público será também surpreendido pela vibrante presença do verde.
A abordagem de Freitas é a de uma flâneur contemporânea, deambulando por cidades movimentadas e paisagens naturais serenas, traduzindo a essência destes lugares em composições que são ao mesmo tempo íntimas e universais. Com uma sensibilidade apurada para as estéticas contemporâneas, as suas fotografias equilibram a cultura digital com um toque profundamente humano, oferecendo uma realidade alternativa — simultaneamente surreal e familiar, como se entrássemos num mundo de perceção ampliada. O seu trabalho convida-nos a reconsiderar o que nos rodeia e a reconhecer a relação entre cor, estrutura e emoção no quotidiano.
Colourama é um convite a experienciar a fotografia para lá da documentação, onde a cor se torna uma força ativa na construção da perceção e da emoção. Tanto Freitas como Hauser expandem os limites da representação fotográfica tradicional, usando as suas paletas únicas para desafiar a forma como vemos e sentimos o mundo.
A exposição abre ao público no dia 10 de abril de 2025, na galeria In The Pink, em Loulé.