Conferências
VIII Encontro de História de Sintra
Nos dias 29 e 30 de maio próximos a Alagamares vai realizar o VIII Encontro de História de Sintra na Casa Mantero - Biblioteca Municipal de Sintra.

29 Mai a 30 Mai 2025
Programa
DIA 29
09.30 - Sessão de Abertura
10.00 - Duarte Valado Arnaud
Marcas do Infante D. Luís (1506-1555) na arquitetura sintrense do século XVI.
Licenciado em História pela FLUL (2012-2015), Pós graduação em História, Relações Internacionais e Cooperação pela FLUP (2015-2016) 2º ano do mestrado em História da Arte na FCSH UNL.
11.00 - Adriana Jones
José Alfredo da Costa Azevedo - Um Ilustre Sintrense
Artista plástica. Presidente da Associação de Defesa do Património de Sintra
11.40 - João Rodil
Os de Ribafria-Uma família nobre sintrense
João Rodil é investigador na área de história, etnografia e literatura, com obras publicadas sobre a história da região de Sintra, autor entre outros, de “Serra, luas e Literatura”, ”Sintra na obra de Eça de Queirós”, “Janas – Uma Aldeia, Um Clube, Uma História”, “Os Dias do Corvo” e do programa: Portugal Culto e Oculto da RTP 2.
PAUSA PARA ALMOÇO
14.00 – Liberto Cruz
A obra de Francisco Costa
Liberto Cruz nasceu em Sintra em 1935. Poeta, crítico, ensaísta, biógrafo, tradutor e conferencista é licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa (1959). Foi professor do ensino secundário (Castelo Branco e Lisboa) e Assistant Associé das Universidades de Rennes, Nantes e Vincennes (França), onde lecionou literatura portuguesa.
Fundou em 1961 a revista Sibila e dirigiu de 1964 a 1966 a coleção Poesia e Ensaio da Ulisseia.
Crítico literário do Jornal de Letras e Artes de 1965 a 1966.
Colaborador da Colóquio Letras desde 1971.
Introdutor em França (1969) da cadeira de estudos de literatura africana de expressão oficial portuguesa. (Secção de Português da Université de Haute Bretagne – Rennes).
Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Paris de 1975 a 1988.
De 1988 a 2000 foi Diretor da Fundação Oriente em Lisboa.
Além da obra poética tem-se interessado por vários autores portugueses e estrangeiros, sendo dignas de especial atenção as obras dedicadas a José Cardoso Pires, Ruben A., António José da Silva, Júlio Dinis, Marquês de Sade e Blaise Cendrars.
Viveu em França de 1967 a 1988.
Foi Presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários de 2000 a 2017.
15.00 - Nuno Miguel Gaspar
Sintra, século XXI: que Romantismo nos resta?
Licenciado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mestre em Arte, Património e Teoria do Restauro. Exerce, desde 2001 funções profissionais na Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A.
PAUSA PARA CAFÉ
16.15 – Fernando Morais Gomes
Sintra durante o Estado Novo (1926-1974)
Advogado e jurista. Fundador da Alagamares-Associação Cultural, da Rede Cultural de Sintra. Chefe da Divisão de Cultura da CMS entre 2017 e 2019. Autor dos livros “A Freguesia de S. Martinho”(2013) e “Histórias com Sintra Dentro”(2015). Autor do blogue Sintralidades-O Reino de Klingsor e administrador do blogue colectivo Sintra Deambulada.
FIM DAS ATIVIDADES DO PRIMEIRO DIA
DIA 30
10h - Visita ao Paço dos Ribafria, na Vila de Sintra, com concentração dos participantes junto à entrada da Rua Consiglieri Pedroso, pelas 10:30h. Consoante o número de inscritos poderá ter de se organizar a visita em dois grupos.
14.00 - Carlos Manique da Silva
Diz-me o que lês… Livros integrados na Biblioteca da Escola Primária das Azenhas do Mar (1974-1979)
Carlos Manique da Silva nasceu em Lisboa, em 1963. É doutorado em História da Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (2008). Atualmente é diretor do Centro de Formação da Associação de Escolas Rómulo de Carvalho (Mafra). Foi professor visitante nas Universidades Estaduais de S. Paulo e de Santa Catarina (Brasil).
15.00 - Vítor Manuel Adrião
Sintra, Serra Sagrada
Vítor Manuel Adrião, fundador da Comunidade Teúrgica Portuguesa, formado em Letras pela FLL, comendador pela Academia de Estudos Históricos e Sociais de São Paulo, Brasil, escritor e conferencista, interventor em diversos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros.
PAUSA PARA CAFÉ
16.15 - Maria Teresa Caetano
Entre o mouro e o moçárabe: o “saloio” ou uma ficção?
Maria Teresa Caetano é Doutorada em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde leccionou. É investigadora colaboradora do ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e membro da Association pour l’Étude de la Mosaïque Antique. Tem dedicado grande parte da sua carreira científica ao estudo da Antiguidade e da Antiguidade Tardia, sobretudo ao estudo do mosaico romano, tendo participado em congressos e conferências internacionais, designadamente, em Espanha, França, Itália e Turquia, onde tem publicado.Tem-se igualmente dedicado à investigação de temática sintrense, em diversas áreas. Técnica Superior da Câmara Municipal de Sintra, desempenha atualmente funções de Coordenadora do Gabinete do Património Mundial.
SOBRE O PAÇO DA RIBAFRIA
Ao contrário de muitos outros palácios e residências nobres que a vila de Sintra viu crescer durante o período da Renascença, o Paço dos Ribafrias não resultou da fortuna de nenhuma grande família. Pelo contrário, o seu promotor, Gaspar Gonçalves, provinha mesmo de origens humildes. Contudo e por merecer a confiança da Casa Real, detinha uma apreciável fortuna pessoal que se avolumou com o passar do tempo.
O facto de estar ligado diretamente à Casa Real – nomeadamente ao próprio Rei – permitiu-lhe uma significativa ascensão social e consequente riqueza pessoal. O seu irmão, Diogo Gonçalves, desempenhava funções de Almoxarife do Paço Real. Este facto revela-se importante na análise do desenvolvimento da carreira pública de Gaspar Gonçalves, uma vez que foi no mesmo Paço que esta teve início ao serviço de D. Manuel I.
Em 1518, o monarca concedeu-lhe o importante cargo de Porteiro-Mor da Câmara Real. Este facto, por si só, não teria muita importância para o monumento em causa, não fosse o caso do Rei passar largas temporadas em Sintra. Damião de Góis, cronista real, numa das suas obras, corrobora esta informação quando diz que a corte se deslocava de Évora para Sintra “por causa das calmas”, e por ali ser um dos lugares mais frescos da Europa e agradável sítio para qualquer Príncipe; ou seja, o Rei e a sua Corte passavam grandes temporadas em Sintra. Gaspar Gonçalves, na sequência das novas funções que desempenhava junto do Rei, mandou erguer – na década de 1530 – a sua casa próxima do Palácio Real na vila de Sintra, já que ele próprio também teria que passar muito do seu tempo naquela vila.
Apesar da escassa informação relativa à construção do palácio, admite-se que Gaspar Gonçalves tenha encomendado a obra ao arquiteto e mestre de obras Pêro Pexão. Um dos capitéis que coroa uma das colunas do átrio abobadado da entrada tem a seguinte inscrição: «Esta obra fez Pêro Pexão no anno de myl e Quinhêtos XXXIIII annos».
O edifício divide-se em vários registos escalonados, e acompanhando o acidentado relevo da serra de Sintra, sendo as suas coberturas de 2, 3 e 4 águas. A fachada do palácio, de claro vinco renascentista, ostenta uma frontaria bastante austera, desprovida de elementos decorativos. A entrada para o interior do edifício é feita por um portão elaborado a partir de uma grossa cantaria chanfrada e rematada superiormente por uma coroa de arcos intercetados. Ainda na fachada principal distribuem-se ordenadamente – para além de uma janela marcadamente manuelina que encima o portal principal -, para a esquerda e para a direita janelas pombalinas, fruto das intervenções que a estrutura sofreu já no século XVIII. As influências da renascença italiana aliadas ao gótico final, sob o signo do manuelino, articulam-se para unir os três volumes paralelepipédicos dispostos em forma de U e permitem ao conjunto um resultado harmonioso de rara beleza estética por estas paragens sintrenses.
Um dos exemplos da união entre as duas correntes artísticas – gótico e renascimento – que acabamos de referir é o extraordinário átrio abobadado, para o qual se acede a partir do portal principal. A abobada assenta num complexo jogo de arcos e nervuras, que se organizam a partir de vários locais da estrutura, e que lhe servem de sustentação. As pedras de fecho das nervuras da abobada apresentam decorações inspiradas em programas claramente góticos como elementos fitomórficos ou simbologia associada ao cristianismo. A abobada abre-se para o pátio seguinte através de dois arcos de volta perfeita – constituídos por uma coluna e duas pilastras adossadas às paredes laterais. Os capitéis de origem italianizante – de significativa qualidade plástica, diga-se, apresentam volutas e carrancas na sua ornamentação, tendo o central a referida inscrição com indicação referente a Pêro Pexão que supracitamos. Ainda nos espaços arquitetados entre os pátios de ligação podemos encontrar um outro átrio, igualmente com abóbadas nervadas, que neste caso dá acesso direto à grande loggia. Neste pátio encontramos também uma magnifica estrutura baldaquinada, apoiada numa parede integralmente revestida com azulejos mudéjares e um tanque renascentista, com dois baixos relevos representando a cabeça de dois elementos antropomórficos. As gramáticas góticas e renascentistas harmonizam-se com a envolvente decoração vegetal que emprestam ao conjunto uma voluptuosidade cénica impar.
Em 1541, a Coroa institui o morgadio de Ribafria. O Rei D. João III concedeu a Gaspar Gonçalves carta de brasão e o título de Senhor de Ribafria – título nobiliárquico de grande significado sobretudo para quem descendia de modestas famílias. É também a partir desta data que o novo nobre inicia as obras da Torre dos Ribafria. Num vale junto ao sopé da serra, local onde certamente nenhuma torre teria alguma serventia, nasceu assim um novo palácio que serviria de sede à nova casa dos Ribafria. Em 1569, Gaspar Gonçalves, acabou por receber, já durante o reinado do Rei D. Sebastião, o cargo de Alcaide-mor de Sintra. Esta importante função, de grande responsabilidade, foi desempenhada durante várias gerações por membros da sua família.
Até ao século XVIII o palácio permaneceu nas mãos dos seus familiares. O seu filho André Gonçalves contraiu matrimónio com uma nobre donzela da casa Albuquerque. Habitaram o Paço dos Ribafrias e ali viram nascer o seu descendente André de Albuquerque Ribafria que, infelizmente, viria a falecer como militar no cerco de Elvas durante a Guerra da Restauração.
Século XVIII, concretamente em 1727, o sucessor, Pedro de Saldanha Castro Ribafria vendeu a propriedade a Paulo de Carvalho Ataíde, religioso pertencente à Santa Igreja Patriarcal, que por sua vez a legou ao seu sobrinho Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, que desempenhou funções de ministro no reinado de D. José I e principal responsável pela reconstrução da cidade de Lisboa após a tragédia do megaterramoto de 1 de Novembro de 1755. No tempo do marquês o paço sofreu obras de beneficiação e modernização. Novos elementos foram introduzidos à estrutura quinhentista, sobretudo ao nível dos exteriores, como por exemplo janelas de guilhotina.
No século XX, no ano de 1924, temos notícia do paço ter passado para as mãos do Capitão Alfredo da Silva. Porém, não houve alterações significativas à sua estrutura. Atualmente o Paço dos Ribafrias era pertença de um particular que era responsável pelo seu estado de conservação e preservação.
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: alagamaressintra@gmail.com ou 924203824
Preço da Inscrição - 10 euros, a pagar até pelo menos 48 horas antes do início do Encontro para:
MBWAY 924203824 ou
IBAN PT 50 0007 0490 0000 6270 0009 4.
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