Dança
Piny e Xullaji juntam-se em nova criação com estreia em Guimarães
Num cruzamento interdisciplinar no âmbito do ciclo Zona Franca, dois criadores que têm vindo a redefinir os contornos da dança, da performance e da música em Portugal, Piny e Xullaji, estreiam o seu novo espetáculo a 24 de maio (21h30) no Pequeno Auditório do Cento Cultura Vila Flor.

24 Mai 2025 | 21h30
A partir de uma abordagem profundamente autoral e de experimentação inovadora, este espetáculo promete uma visão única de dança e movimento, unindo uma das principais impulsionadoras da cena de danças de rua em Portugal, cruzando estilos como o hip hop e o vogue com danças tradicionais (Piny), a um dos principais nomes da cena hip hop e spoken word em Portugal, que tem alargado as fronteiras da música ao explorar temas como a diáspora africana (Xullaji).
Zona Franca é o ciclo interdisciplinar que junta músicos e coreógrafos num diálogo artístico e de criação entre a música e a dança. Fruto de uma parceria entre o Centro Cultural Vila Flor (A Oficina), o Theatro Circo e o gnration (Faz Cultura), Zona Franca propõe três colaborações que se desenrolam entre Guimarães e Braga ao longo de 2025. O primeiro destes cruzamentos aconteceu em fevereiro e juntou a coreógrafa e bailarina Vera Mantero e a trompetista Susana Santos Silva.
Agora é chegada a vez dos universos de outras duas figuras incontornáveis se cruzarem, pela primeira vez, na criação de um novo espetáculo. De um lado estão as danças de rua, do breakdance ao clubbing, representadas pela performer e coreógrafa Piny. No outro, a música e arte sonora com o rapper, poeta e ativista Xullaji. A estreia absoluta da nova criação de Piny e Xullaji acontece assim a 24 de maio no Pequeno Auditório do CCVF, sendo o resultado de uma colaboração inédita entre estas duas figuras centrais da cena urbana e afrodescendente em Portugal. Uma colaboração construída em residência artística no Centro de Criação de Candoso (Guimarães), que permitirá aos artistas aprofundar este diálogo criativo, desenvolvendo uma obra que questiona as fronteiras da arte, enquanto celebra as suas raízes culturais e a capacidade da arte de unir e transformar. O processo de criação está em curso e o resultado apresentar-se-á brevemente numa fusão inovadora de dança e música, onde as linguagens urbanas e experimentais se encontram para criar uma obra que explora temas de resistência e identidade, com os próprios artistas a partilharem algumas palavras em torno do projeto artístico em desenvolvimento: "(...) Fronteiras diluídas entre sonoplastia e música, entre corpo e voz gravada ou dita. Uma resistência à grelha reticular num futuro espiralado. Ciclos de duração imprevisível. Sobre as fronteiras baixamos tudo. O movimento que trazemos ainda não chegou e está cá desde sempre. Sobre o encontro, é o primeiro de muitos que aconteceram antes de chegarmos aqui."
Piny começou por estudar as danças de ventre tradicionais do Egipto, mas rapidamente se interessou pela cultura e fusão das danças urbanas. Em 2006, fundou o grupo de hip hop feminino Butterfly Soul Flow e, em 2012, o coletivo Orchidaceae, onde cruza movimentos e estilos da dança de rua com danças tradicionais do sudoeste asiático e norte de África. Com Mother Nala Revlon, cofundou a Vogue PT, uma iniciativa que organiza eventos Ballroom – movimento underground protagonizado pelas comunidades afro-americanas, latinas e LGBTQIA+ e que está na origem de estilos como o vogue, punking, waacking ou house. Trabalhou, como intérprete, em obras de coreógrafos como Victor Hugo Pontes, Cristina Planas Leitão, Tânia Carvalho ou Tiago Guedes. Em nome próprio, criou as obras HIP. a pussy point of view, Periférico (com o artista Vhils), G RITO e ONYX. Em 2023 levou ao Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, o projeto OU.kupa, um festival-celebração centrado na escrita e criação artística dentro das danças de rua e clubbing.
Xullaji é um dos nomes pelo qual conhecemos Nuno Santos. Enquanto Chullage, editou uma das trilogias mais marcantes da música nacional, Rapresálias (2001), Rapensar (2004) e Rapressão (2012), em que destaca o hip hop como cultura de resistência, enraizada na classe trabalhadora de África e da sua diáspora. O interesse pela palavra levou-o ainda ao spoken word, com o projeto AKapella47. Mais recentemente, revelou prétu, que o levou a um novo território criativo, explorando uma fusão entre samples de músicas de intervenção angolana, guineense e cabo-verdiana, e imagens africanas com o cosmos eletrónico e o pensamento pan-africanista, ampliando ainda mais a sua proposta artística e a sua contribuição para a música e a cultura contemporâneas. Deste projeto nasceu prétu 1 – Xei di Kor, destacado pelo Público como um dos melhores álbuns de 2023. Para lá do trabalho na música, é cofundador do coletivo artístico comunitário preto, Peles Negras Máscaras Negras – Teatro do escurecimento. Colabora também com o Teatro Griot e já trabalhou com companhias como Formiga Atómica, Companhia de Teatro de Almada, Companhia de Atores ou Aurora Negra.
Os bilhetes para o espetáculo de Piny x Xullaji (Zona Franca), apresentado a 24 de maio em Guimarães, têm o preço de 10 euros (7,5 euros com desconto), encontram-se disponíveis online em oficina.bol.pt e www.ccvf.pt e presencialmente nas bilheteiras dos equipamentos geridos pel’A Oficina como o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a Casa da Memória de Guimarães (CDMG), a Loja Oficina (LO), ou o CAO dos Fornos da Cruz de Pedra, bem como nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés.