Música
Música romântica e resistência no recital de piano de Teresa da Palma Pereira na Figueira da Foz
De Chopin e Liszt, com o seu herói Mazeppa, a Rachmaninov e Khachaturian, passando pelos espanhóis Turina e Falla, o programa apresentado no Auditório Madalena Perdigão destaca temas em que “o amor e a paixão” constituem um universo individual alternativo “ao ódio e à intolerância”.

7 Jun 2025 | 17h00
“Cantos de Amor e de Paixão” é o título do programa que a pianista Teresa da Palma Pereira irá apresentar na Figueira da Foz. Com um repertório que privilegia temas românticos de libertação individual contra a opressão – como o poema sinfónico Mazeppa, de Liszt – a pianista contrapõe o amor e a paixão “ao ódio e à intolerância que prevalecem no tempo de guerra e de destruição do indivíduo que o mundo está a passar”.
É este o fio condutor dos recitais de 2025 da pianista de Lisboa que é diretora artística da Academia de Música Flor da Murta, em Paço de Arcos. O programa inclui obras de Lully, Mozart, Chopin, Liszt, Turina, Falla, Glinka, Rachmaninov e Khachaturian.
“A Figueira da Foz tem sido um lugar de reencontro regular com o meu piano e com um público atento e generoso. É natural trazer até aqui um programa que fala de resistência poética e de liberdade emocional – temas que tanto ressoam num local onde o mar, tal como a música, nos ensina a escutar e a atravessar”, afirma Teresa da Palma Pereira. “A expressão artística desta cultura partilhada, com a dimensão poética e sentimental que o período romântico sublinha, é um bom ponto de partida para a cultura de diálogo entre os diferentes povos”.
O concerto terá lugar no próximo dia 7 de junho, sábado, às 17:00 horas, no Auditório Madalena Perdigão, na Figueira da Foz. A entrada é livre, sujeita à lotação da sala.
No programa, Teresa da Palma Pereira parte de um compositor barroco, Jean-Baptiste Lully, com uma dança inaugural – Gavotte en Rondeau – seguida do Rondo em ré maior de Mozart, pequena obra-prima dançante em que o compositor expõe a leveza, o jovial virtuosismo e as súbitas mudanças emocionais tão características do seu estilo. O recital prossegue com várias peças de Chopin, nas quais se espelha a mesma leveza e graciosidade ao serviço da fantasia e do lirismo. A primeira parte termina com Franz Liszt, três peças em que a paixão romântica encontra narrativas de amor ao piano. Em Mazeppa, o espírito apaixonado expressa-se pela intensidade e força utilizadas para ilustrar esta história de paixão, luta e sobrevivência do herói polaco do poema de Victor Hugo.
Na segunda parte do concerto, a paixão ganha contornos diferentes com a tradição flamenca espanhola e com os ritmos das danças ciganas que Joaquín Turina e Manuel de Falla trouxeram para o piano. Viaja-se depois para o romantismo melancólico e decadente da Mazurca de Mikhail Glinka, compositor russo precursor da criação de uma identidade nacional na música erudita do grande império asiático. Esta mesma identidade está presente na escrita pianística de Rachmaninov. O recital encerra com a poderosa e contagiante Toccata do arménio Aram Khachaturian, regressando ao tema do amor e da paixão na celebração do que é mais profundamente humano.
Teresa da Palma Pereira já atuou em países como França, Itália, Bélgica, Holanda, Hungria, Suécia, Brasil e China. Conta com cinco CD's editados. Atualmente é diretora artística da Academia de Música Flor da Murta, em Paço de Arcos. Desde 2018, dirige o Festival Internacional de Piano de Oeiras, que este ano passou a integrar a European Festivals Association.