Exposições
“Fecho os olhos cansados, e descrevo…” de Limamil
A exposição fotográfica de Limamil será apresentada na terra que inspirou o autor - e deu vida às imagens - numa ‘visita ao berço’ em pleno Nordeste Transmontano – Douro Internacional. Conta com o apoio da Câmara Municipal de Miranda do Douro.

17 Jun a 18 Ago 2025
João Lima, cujo nome artístico se desdobra para um anagramático Limamil, apresenta a partir do dia 18 de junho, quarta-feira, na Casa da Cultura Mirandesa (com abertura marcada para as 15h30) uma exposição fotográfica que versa, tem por abordagem temática o Nordeste Transmontano – Douro Internacional através de tópicos como a paisagem, a natureza, a intervenção humana naquele território e a interação das gentes que o habitam com o meio envolvente.
A referida mostra fotográfica conta desde o primeiro momento com o apoio da Câmara Municipal de Miranda do Douro. De resto, a referida iniciativa artístico-cultural integra a programação especial do município que se enquadra na semana de atividades da elevação de ‘Miranda’ à categoria de cidade, algo que remonta ao longínquo ano de 1545 e, por conseguinte, há quase 500 anos, mais precisamente há 480 anos.
O labor que a mostra consagra, em termos do conjunto de imagens selecionadas para o efeito, resulta de uma demanda constante do autor e da paixão que ao longo de uma década o fez deslocar-se com regularidade a algumas coordenadas da região. Plasmadas num preto e branco que enfatiza o binómio do belo assombroso e do belo agreste, as fotos de Limamil traduzem um trabalho que não enjeitou a oportunidade de inserção, para além destas duas categorias abrangentes referenciadas, da figura humana e da sua relação com a paisagem e a natureza, até como elemento diretamente responsável pela transformação do espaço e do território ao longo do tempo.
Por outro lado, deslinda-se em alguns dos quadros fotográficos que serão expostos uma religiosidade e um misticismo subtil, quase se diria que moldados numa essência e atmosfera ‘panteísta’, o que não deixa de constituir uma curiosidade, sobretudo para alguém que desde sempre se assumiu como uma pessoa laica, mas, contudo, crente. Uma matriz de intemporalidade marca também alguns dos artefactos fotográficos expostos, notando-se noutros, de forma explícita e intencional, a ação humana a sublinhar cronologias mais recentes através de pontes ou viadutos, isto à laia de pequenos exemplos.
O fotógrafo possui um percurso associado a vários projetos enquanto comissário e artista. Participou em múltiplas exposições, sob o pseudónimo de Limamil, e o seu trabalho está representado em diversas instituições e colecionadores particulares. Para além disso, a carreira de João Lima/Limamil está também muito ligada ao ensino: foi professor na ESAP - Escola Superior Artística do Porto, no curso superior de Fotografia, entre 1999 e 2014. À experiência enquanto docente soma de igual modo a de técnico superior de Fotografia desde 2004 até aos dias de hoje, tendo como trabalho privilegiado o acompanhamento dos alunos da FBAUP – Faculdade de Belas Artes nos laboratórios de fotografia daquela instituição, atualmente encontra-se a fazer o Doutoramento na Universidade de Vigo - pólo de Pontevedra com o tema - La transfotografia: Utilização da ferramenta fotográfica para criação de uma poética pessoal.
Pode dizer-se que como génese, o verdadeiro ‘momento-elã’ para o despontar, melhor, o despertar do autor para o fenómeno da fotografia traduz-se por via das palavras do próprio João Lima/Limamil: “O momento mais memorável da minha carreira foi na adolescência quando comprei a primeira máquina fotográfica, uma Kodak 110, que me custou quase três semanas de mesada!”
Para o momento de abertura da mostra fotográfica estão ainda reservados instantes de poesia, através da leitura de versos escritos por dois autores da região, João Pedro Luís e Adelaide Monteiro, que remetem para as imagens de Limamil, também elas metafóricas.
A exposição estará patente ao público na Casa da Cultura Mirandesa até ao dia 17 de agosto, podendo ser visitada de segunda a sábado, das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00.
(Sita à Rua Mouzinho de Albuquerque 12, 5210-225 Miranda do Douro)
Momento II - A Magia do Azul Plasmado nas ‘Aguarelas Cianópticas’
Num segundo momento, que decorrerá no dia 7 de julho, segunda-feira, entre as 12h00 e as 15h00, há uma ação destinada a todos aqueles que queiram participar, independentemente da idade, e é de acesso gratuito. Trata-se de uma ação performativa-plástica, promovida por Limamil, cujo foco será a Cianotipia (a explicação para o significado do termo surge mais adiante no texto). Esta ação convocará os Pauliteiros de Miranda, enquanto elementos simbólicos da região, a ficarem “plasmados” em suporte de tela, do tipo pano cru, o resultado desta ‘operação’ traduz-se na essência por representações imagéticas (e/ou pictóricas) das figuras que lhe servem de molde, de modelo. Os artefactos produzidos na ação, ou seja, o resultado das múltiplas cianotipias ficará exposto em vários edifícios do espaço público de Miranda do Douro.
A Cianotipia é um sistema de impressão negativo-positivo. Foi inventado em 1842 por Sir John Herschel (Reino Unido/1792 - 1871), baseando-se na descoberta que determinados sais de ferro eram sensíveis à luz. O seu nome deriva do intenso azul (do grego cyanos, azul escuro) sobre o qual aparece uma imagem branca (ou a cor branca do papel suporte). Ficou também conhecido pelo nome de processo ferroprussiato, devido à cor do composto chamado azul da Prússia ou ferricianeto férrico.