Literatura
Roménia na Noite Literária Europeia 2025 em Lisboa
Uma viagem literária que celebra a riqueza do continente europeu e promove o diálogo entre línguas, autores e públicos.

28 Jun 2025 | 19h00
A edição de 2025 da Noite da Literatura Europeia irá apresentar poemas, romances, ensaios, teatro e contos, que mostram, entre outras temáticas, o amor num dos períodos mais turbulentos da história europeia, a queda do muro de Berlim, a experiência de um jovem internado involuntariamente numa ala psiquiátrica, a luta contra a superficialidade e a indiferença, a capacidade de resiliência humana e de sobrevivência numa sociedade que não aceita o “diverso”, o testemunho da tragédia do genocídio ruandês, uma viagem gastronómica que revela a relação entre poder e comida, a complexidade do mundo contemporâneo dominado pelas redes sociais, etc.
Este ano, já confirmaram a sua presença em Lisboa os seguintes escritores: Emmanuelle Pirotte (Bélgica), Yannis Mavritsakis (Grécia), David Machado (Portugal) e Sorina Rîndasu (Roménia).
Na 13ª edição da Noite da Literatura Europeia, a Roménia é representada pela escritora Sorina Rîndasu, que estará presente no evento com O Reino da disfunção (Cartier, 2024). A encenação de vários fragmentos deste poema é da autoria da atriz Carolina Salles e do ator Nuno Pinheiro. As sessões da Roménia terão lugar na Sala Banksquiat – Museu Banksy, Lisboa.
No Reino da disfunção (Cartier, 2024) a viagem existencial da autora é poetizada, desde a perda de si mesma - manifestada pela insegurança, ansiedade e falta de confiança nas grandes certezas da sociedade - até à redescoberta de uma estabilidade emocional ou, pelo menos, da ilusão da mesma, porque o dedo indicador nunca se afasta muito do „botão do pânico” (Sorina Rîndasu).
O Reino da Disfunção: „Há, no tão aguardado novo volume de Sorina Rîndasu, O Reino da Disfunção, um olhar objectivo, um olhar sombrio de tristeza que regista vislumbres da realidade como pano de fundo da relação com o outro, uma relação nunca terminada. Temos um livro em que a violência do som duplica a violência do significado, que, por sua vez, é duplicada em todos os estados que compõem a angústia: o horror interior, a letargia, os dias de podridão, a vergonha, o medo, a disfunção, a deslocação, o fracasso. O ressentimento. Soterrado sob a aparência de um jornal diário plano e inofensivo, esconde-se um mundo de sabor apocalíptico, um mundo interior, mas também o seu espelho exterior – que se desfazem em uníssono, explodindo em imagens nítidas, num vocabulário de atmosfera que promete ser marca registada do autor. Este desdobramento de estados de espírito e de gestos não é uma simples representação de neuroses pessoais, mas fala também do desamparo e da desilusão de uma geração que perdeu o fôlego e os espaços vitais, tendo muitos dos poemas o ritmo e a carga de manifestos. Por último, mas não menos importante, existem os chamados biografemas de que Barthes falava, espalhados por todo o texto confessional, sobretudo na segunda parte, em que as raízes e o sangue se tornam pretextos para vocalizar as mesmas camadas de angústia, desta vez com o foco na corporalidade e na fragilidade. Certamente, o volume de Sorina Rînda?u, a sua verdadeira estreia, será, já é, um dos mais fortes deste ano” (Florina Pîrjol).
Sorina RÎNDASU (Suceava, 2003) é licenciada do Colégio Nacional Petru Rare? na sua cidade natal, é, atualmente, aluna da Faculdade de Letras, secção Romeno-Inglês da Universidade Alexandru Ioan Cuza, Ia?i. É a vencedora do prémio Constantin Virgil B?nescu no Concurso Nacional de Poesia, com a obra O Mesmo Céu Que Não Existe (2022).Estreou-se em 2018 com o livro de poesia Catorze vidas e mais uma eternidade. Em 2024, o seu volume O Reino da disfunção foi publicado pela editora Cartier.
Carolina Salles iniciou sua formação no Curso Juvenil de Representação aos 12 anos na ACT, trabalhando com Paula Careto e Pedro Alpiarça. Em 2011, concluiu a licenciatura em Formação de Atores na Escola Superior de Teatro e Cinema. Na televisão, destacou-se em projetos como „Olhar da Serpente” (2002), „Ana e os Sete” (2003/2004) e „Maternidade” (2010). A partir de 2009, iniciou sua carreira teatral com a companhia Teatro da Garagem, colaborando posteriormente com os Primeiros Sintomas de 2012 a 2020, sob a direção de Carlos Pessoa e Bruno Bravo. Trabalhou com as companhias Artistas Unidos, Teatro Tapafuros, Teatroesfera e Musgo Associação Cultural, sob a direção de, Pedro Carraca, Rui Mário, João Ricardo e Paulo Campos dos Reis.
Nuno Pinheiro é licenciado em Teatro, pela ESTC e Mestre em Teatro pela mesma escola. Além do seu trabalho como actor, com trabalhos em televisão, cinema, publicidade e locução, é professor, produtor, assistente de encenação, diretor de casting, formador e criador. Trabalhou com Maria J. Vicente, Rita Nunes, António Mortágua, Tiago Vieira, João Manso, David Marques, Teresa Coutinho, Tiago Cadete, entre outros. Como autor, colaborou com Filipa Matta, Susana Gaspar e João Villas Boas.
Corneliu Popa é um tradutor com uma vasta experiência e que participou em numerosos festivais de poesia, transpondo para português poemas de vários poetas romenos representativos, entre os quais: Ana Blandiana, Mircea Dinescu, Magda Cârneci, Ioan Es. Pop. Em 2008, traduziu „O Diário Português", de Mircea Eliade, para a editora Guerra & Paz, e, em 2012, publicou, na editora D. Quixote, a tradução do romance „Uma Manhã Perdida” de Gabriela Adame?teanu, que teve uma excecional receção por parte da crítica literária portuguesa. Em 2017, traduziu para a editora Guerra e Paz o volume de poesia "Sombras e Falésias", assinado por Dinu Fl?mând, e, em 2019, publicou, pela mesma editora, a "Antologia da Poesia Romena Contemporânea", 50 anos de poesia através das vozes de 27 dos poetas romenos mais apreciados da atualidade.
O Museu Banksy Lisboa é inteiramente dedicado ao artista de graffiti mais famoso do mundo, reunindo mais de 100 reproduções das suas obras num único local. A exposição abrange a carreira de Banksy, desde o final da década de 90 até ao presente, apresentando a sua passagem por vários países como o Reino Unido, França, EUA, entre outros. Nesta sala, encontram-se as peças que Banksy criou como tributo a Basquiat, fundindo os nomes na palavra "Banksquiat". Em setembro de 2017, estas peças surgiram no Barbican Centre, no centro de Londres.
A Noite da Literatura Europeia é uma iniciativa da EUNIC Portugal, rede que reúne institutos culturais e embaixadas de países da União Europeia, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, a Rede de Bibliotecas de Lisboa BLX, a Representação da Comissão Europeia em Portugal, a Europa Criativa, a Junta de Freguesia das Avenidas Novas e El Corte Inglés.