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Meia Meia
Exposição com obras de Manuella Silveira e Vasco Futscher.

27 Jun a 13 Set 2025
Manuella Silveira apresenta pinturas de formatos variados — algumas com apenas trinta centímetros, outras que chegam a três metros — realizadas nos últimos meses, durante a sua residência artística na Kubikgallery Lisboa. “Nos últimos tempos, tenho pensado muito no Philip Guston, que é uma referência importante para mim: ele diz que o momento em que a pintura está finalizada é quase como se ele reconhecesse ou reencontrasse uma imagem na tela que antes só existia nos seus pensamentos, e então, no corpo da matéria oleosa, tudo fica diferente, ondulado, puxado, esticado”, conta a artista. “Tenho usado bastante o cor-de-rosa, algo que é característico no trabalho dele.”
Os títulos das obras — Coice, Queda de Braço, Botadeira, Fura-bolo e Fujona — são sugestivos, mas as imagens não procuram ilustrar narrativas específicas.
Pretendem, antes, criar uma atmosfera teatral, aberta à exploração de diferentes percursos. “O teatro interessa-me tanto de um modo literal como simbólico. Literal, porque costumo construir nas pinturas uma espécie de cortina que separa o corpo da pintura do corpo do mundo. E simbólico porque acredito que a ação no ateliê, embora solitária, tem uma dimensão performativa. O movimento do corpo e a energia do momento transferem-se para a pintura — sobretudo nas peças de grande escala.”
Vasco Futscher apresenta uma nova série de obras que dá continuidade à investigação em cerâmica apresentada na sua exposição no Ar. Co, em outubro de 2024. Nesta nova fase, as linhas horizontais dão lugar a estruturas verticais e em grelha. As peças incorporam elementos repetitivos da construção civil — como tijolos ou tubos — que são ressignificados no contexto da galeria.
“Todos os dias, a caminho do ateliê, passo pela Avenida Almirante Reis. A arquitetura modernista sempre foi um tema de grande interesse para mim. O tecido urbano ganha vida na passagem de um prédio para outro, criando a estrutura da avenida. E, olhando para cada prédio, vejo novamente a repetição de elementos simples, como as varandas e os cobogós, que geram uma enorme riqueza”, explica o artista. “Mas, no meu trabalho, a rigidez típica do modernismo é substituída pela natureza rústica do barro, como se fosse uma versão abastardada desses conceitos tão rigorosos.”
As artes decorativas também são uma área de interesse para Vasco Futscher, como é o caso do papel das sancas e rodapés na história da arte. As formas que propõe, semelhantes a “building blocks”, evocam tanto edifícios vazios como totens abstractos, criando uma reflexão sobre a tensão entre uncionalidade e expressão estética.