Inspirada no icónico filme "Fanfare" (1958), de Bert Haanstra, a nova obra em vídeo de Priscila Fernandes transpõe o enredo e a linguagem cinematográfica da produção original para um contexto atual. Se no filme de Haanstra, a Holanda do pós-guerra surgia como um retrato idealizado de comunidade e tradição, em "Fanfare 2025" essa paisagem encontra-se face a face com as ansiedades e transformações contemporâneas, marcadas pela crise ecológica, pela nostalgia reacionária e pela polarização ideológica.

A fictícia vila de Lagerwiede — símbolo de uma Holanda idílica, com canais, pastos e pontes pitorescas — mantém o seu encanto intocado. O centro da ação é, mais uma vez, uma banda filarmónica local, dominada por rivalidades absurdas e unida apenas por uma missão comum: vencer o concurso anual. Contudo novos elementos se insinuam, os conflitos persistem e o mundo está a afundar-se —literal e metaforicamente. A água sobe até aos joelhos e a música já não convence o júri.

"Fanfare 2025" conta com a participação dos músicos da orquestra De Bergklanken e o apoio da Mondriaan Fonds, Solar – Galeria de Arte Cinemática, Batalha Centro de Cinema e Festival Circular.

Paralelamente, o Batalha Centro de Cinema e o Circular Festival de Artes Performativas dedicam à artista um conjunto de atividades, a decorrer nos dias 18 e 20 de setembro, que incluem: sessões de cinema, conversas e momentos performativos.