Um filme cru, quase documental, que expôs sem filtros o submundo adolescente de Nova Iorque: sexo, drogas, HIV, skate e a sensação de que o futuro não existe. Tornou-se um marco absoluto da cultura contemporânea.

Com argumento de Harmony Korine, que tinha apenas 19 anos na altura, KIDS capturou o vazio e a urgência de uma geração à deriva, filmando atores reais das ruas de Manhattan — jovens skaters e amigos do próprio realizador — que não representavam personagens, viviam-as.

O elenco incluía Chloë Sevigny e Rosario Dawson, que se tornariam ícones do cinema independente americano e presenças regulares em Hollywood, mas também Leo Fitzpatrick e Justin Pierce, símbolos de uma juventude perdida e trágica. O próprio filme ficou marcado pelo destino sombrio de alguns dos seus intérpretes, tornando-se ainda mais perturbador à luz do tempo.

Larry Clark, fotógrafo de culto e cronista da adolescência marginal, filmou KIDS com uma câmara nervosa, em luz natural, e criou uma obra que continua a incomodar e a fascinar. Um filme que não dá lições morais — apenas mostra, com brutal honestidade, o que muitos fingem não ver.

Hoje, três décadas depois, KIDS mantém o mesmo poder de choque, a mesma relevância e a mesma beleza suja. É um documento histórico sobre o desamparo juvenil e a busca desesperada por identidade num mundo sem bússola.

Esta sessão é uma celebração dos 30 anos de um filme que mudou tudo — e um convite para o ver como deve ser visto: no grande ecrã, em silêncio, entre respirações suspensas.

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