Reconhecida pela intensidade cromática e pela expressividade gestual da sua linguagem plástica, Ana Malta transforma o corpo num arquivo vivo de emoções e memórias, revelando a fragilidade e a mutabilidade da identidade. Na génese da sua prática subsiste um fascínio pela memória de curto prazo e pela sua natureza volátil e sensorial, convocando o automatismo psíquico puro, caro à tradição surrealista, como método de exploração do gesto e do inconsciente.

O título da exposição deriva da obra homónima "Impermanentia", um livro de artista realizado sobre suporte têxtil que se assume como objeto mutante — entre pintura e escultura, leitura e performance. Concebido como estrutura em permanente transformação, o livro reflete sobre a impermanência cultural, a fluidez da forma e a erosão da memória, propondo a arte como um organismo vivo, em contínuo processo de regeneração.

O evento inaugural contará também com a apresentação do happening Papel de Parede, uma obra colaborativa concebida pelo coletivo Vês.Três — formado por Ana Malta, Madalena Pequito e Maria de Brito Matias.

Consistindo num rolo contínuo de dez metros, pintado a várias mãos e vendido a metro durante a inauguração, a obra constitui um gesto performativo e crítico, dirigido às dinâmicas de mercantilização da arte, ao consumismo e à crise de acessibilidade habitacional. Inspirado na prática surrealista do cadavre exquis, o projeto reafirma a importância da criação partilhada e da colaboração artística enquanto resistência poética e política.

Em 2025, Ana Malta destacou-se nas principais feiras de arte contemporânea realizadas em Lisboa, tendo sido distinguida com o Prémio de Aquisição MEXTO Property Investment (ARCO Lisboa) e com o Prémio Mouseion – Art Law House (Drawing Room Lisboa). A artista é ainda finalista do Sovereign Portuguese Art Prize 2025, cujo vencedor será anunciado em novembro.

A exposição ficará patente até 24 de janeiro de 2026.