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Teatro

A Escola da Noite e Cendrev apresentam em Coimbra "Um Sonho" de Strindberg

Depois da estreia em Évora, A Escola da Noite e o Cendrev apresentam em Coimbra a sua mais recente co-produção: “Um Sonho”, de August Strindberg, com encenação de António Augusto Barros.

27 Nov a 14 Dez 2025

Teatro da Cerca de São Bernardo
Cerca de São Bernardo, 3000-097 Coimbra

O espetáculo pode ser visto no Teatro da Cerca de São Bernardo entre 27 de novembro e 14 de dezembro, de quinta a domingo. Os bilhetes já estão à venda.

Escrita em 1901 e encenada pela primeira vez em 1907, “Um Sonho” é uma das mais emblemáticas obras do dramaturgo sueco August Strindberg (1849-1912). O autor procura reproduzir em linguagem dramática a forma “incoerente, mas aparentemente lógica” como se encadeiam os acontecimentos e as personagens nos nossos sonhos. Num sonho – escreveu o próprio sobre esta peça – “tudo pode acontecer, tudo é possível e verosímil. O tempo e o espaço não existem. Contra um fundo insignificante de realidade, a imaginação borda novos motivos: uma mistura de recordações, acontecimentos vividos, invenções, absurdos e improvisações.”

Trata-se de uma peça em que não há “uma história”, há histórias e fragmentos que se cruzam, múltiplas personagens a co-existirem em diferentes espaços e tempos. Nesta quarta co-produção entre as companhias de Coimbra e Évora, os grupos interessaram-se pela profundidade do olhar sobre a condição humana que o texto oferece.

Sem ignorarem nem o contexto em que a peça foi escrita nem a pungência da actualidade, elas encontram nas personagens que por aqui vagueiam temas intemporais, intrinsecamente humanos (e sociais): o amor, o individualismo, a mesquinhez, o endividamento, a solidão, a pobreza, as desigualdades, a liberdade, a doença, a guerra, o sofrimento, a vida, a morte. Como se uma câmara nos filmasse e nos devolvesse, em espelho, o conjunto de misérias de que também somos feitos – “Os seres humanos metem dó”, repete A Filha, personagem principal desta obra.

Com encenação e dramaturgia de António Augusto Barros, o espetáculo conta com os elencos das duas companhias: Ana Meira, Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Ivo Luz, Jorge Baião, José Russo, Maria Marrafa, Maria Quintelas, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash e Rosário Gonzaga. A tradução apresentada é a que Cristina Reis, Luís Miguel Cintra e Melanie Mederlind fizeram para o espectáculo apresentado pelo Teatro da Cornucópia, em 1998, e que gentilmente cederam para esta criação. O espaço cénico é de João Mendes Ribeiro, Luísa Bebiano e António Augusto Barros, os figurinos e adereços de Ana Rosa Assunção, a composição musical e a preparação vocal de Carlos Meireles, o desenho de luz de António Rebocho e as paisagens sonoras de Carlos Meireles e Zé Diogo.

August Strindberg e o “jogo de sonho”
Para além de dramaturgo, Strindberg foi romancista, pintor e fotógrafo. Sobre ele e a sua obra recaem epítetos grandiosos: visionário, transgressor, revolucionário, pai do teatro moderno, precursor do expressionismo e do surrealismo, figura inspiradora de inúmeros autores contemporâneos (Adamov, Cocteau, entre outros) e do encenador e realizador Ingmar Bergman. Três anos antes da estreia de “Um Sonho” e a propósito de uma outra peça sua – “Rumo a Damasco”, que o próprio considerou como o seu primeiro “jogo de sonho” – Strindberg assumia acreditar que estava a trabalhar num novo género teatral e manifestava algum receio de que o público se sentisse “desorientado” ao início. As reações à peça, na altura e até hoje, não afastaram completamente esse receio do autor. O também dramaturgo e ensaísta francês Jean-Pierre Sarrazac ajuda a esclarecer: “A finalidade do jogo de sonho não é, pois, engendrar um 'outro mundo' ou o que se poderia chamar de um 'universo alternativo'. Não, ela consiste em oferecer um ponto de observação sobre o mundo – ponto de afastamento e de tensão (como acontece com a flecha no arco retesado) a partir do qual a ficção teatral pode visar, atingir, penetrar no coração do real.”

Com a estreia em Coimbra marcada para 27 de novembro, o espectáculo manter-se-á em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo até 14 de dezembro, com sessões às quintas-feiras (19h00), sextas e sábados (21h30) e aos domingos (matinés às 16h00). Os bilhetes custam entre 5 e 10 euros e podem ser comprados na ticketline ou reservados directamente pelos contactos habituais do Teatro: 239 718 238 / 966 302 488 / bilheteira@aescoladanoite.pt.

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