Lumina vem do latim lumen, palavra que nos fala de luz, claridade e descoberta. A Lumina Galeria nasce da vontade de revelar histórias que a luz desenha. É um espaço dedicado à fotografia documental e de autor, pensado para um público atento, curioso e recetivo ao investimento em arte. Aqui, cada imagem convida a uma pausa, a um olhar mais demorado, onde a arte se aproxima da vida e se oferece como território de reflexão e beleza.

A galeria abre portas a 29 de novembro, junto da Fonte Luminosa, em Lisboa, com a exposição Route 66, projeto criado em 1995 por Luís Vasconcelos. Inspirado em On the Road, de Jack Kerouac, e embalado pela banda sonora de Bagdad Café, Vasconcelos partiu de Chicago ao volante de um Pontiac Catalina, acompanhado por três amigos, rumo ao horizonte inesgotável da “Mother Road”. As suas imagens conduzem-nos, quase sem darmos por isso, para uma paisagem mítica do imaginário colectivo, onde estrada, sonho e viagem se cruzam. Entre paisagens desoladas e encontros improváveis, cruzamo-nos com uma rockabilly girl, um Elvis de beira de estrada e uma parada gay em Los Angeles, numa sucessão de momentos que parecem pertencer ao cinema, à música e ao sonho, tudo ao mesmo tempo. Este será o primeiro capítulo de um programa que ambiciona iluminar percursos, revelar autores e celebrar a fotografia como espaço de memória, questionamento e descoberta.

Luís Vasconcelos nasceu em Peso da Régua e cresceu em Moçambique, onde a luz intensa e o ritmo do quotidiano africano marcaram o seu olhar fotográfico. Estudou na Escola de Belas-Artes do Porto e viveu em Bruxelas e Paris, onde fundou a editora Germinal. Regressou em Abril de 1974 e desenvolveu uma carreira de referência no fotojornalismo. Foi co-fundador do Público, editor de fotografia da Visão e fotógrafo oficial de Mário Soares. Fundou a Estação Imagem, instituição dedicada ao fotojornalismo, através da qual organizou exposições, edições e o principal prémio desta área na Península Ibérica. Construiu uma obra autoral marcada pela memória, pelo quotidiano e pelo humanismo, com exposições coletivas e individuais e mais de uma dezena de livros publicados.

A Lumina Galeria inaugura também Le Mur, um território de encontro entre a fotografia e outras práticas artísticas. Sob a curadoria de Rute Reimão, cada exposição apresentará um artista cuja obra estabelecerá um diálogo com o tema em foco, reunindo vozes consagradas e emergentes num espaço de cruzamento e descoberta. Para esta primeira exposição, em ressonância com Route 66, apresenta-se António Faria com We’re on the Road to Nowhere, um trabalho que prolonga, noutra matéria e noutro compasso, a reflexão sobre a viagem e o errar como forma de conhecimento.

À frente deste projeto culturalmente ambicioso está Bruno Portela, que iniciou o seu percurso na fotografia em 1990, no Público. Ao longo dos últimos quinze anos, através de coletivos que ajudou a fundar, dedicou-se a promover a linguagem fotográfica, organizando exposições, festivais, edições de livros e encontros que fortaleceram a cultura visual no país. A criação da Lumina surge como passo natural: um lugar onde se apresenta, agora a solo, com o propósito de destacar o que de mais notável se faz nesta área, aproximando o público de obras que podem ser adquiridas e integradas em coleções privadas ou institucionais.

Horário: quarta a sexta 15:00-19:00, sábado até às 20:00
(encerra de 25 de dezembro a 3 de janeiro)
+ Info: www.luminagaleria.com