Teatro
"O Céu não lhes responde"
O que fazer quando é o próprio clima que nos empurra para fora da nossa terra? E quando a brutalidade dos regimes autocráticos e da guerra nos expulsa para a incerteza da própria vida? Quando permanecer se torna impossível só nos resta avançar munidos de coragem e esperança. Procurar a felicidade num outro lugar.
12 Dez 2025 | 21h30
(Provérbio indiano)
A jornada será sempre longa e cheia de percalços, mas será sempre melhor do que permanecer num caminho que apenas vai definhando. A necessidade de sobreviver obriga-nos a avançar, a contornar os obstáculos e a atravessar as fronteiras, inclusive as que se encontram fechadas. Um encontro com o futuro, onde a felicidade de quem parte também está nas mãos de quem acolhe.
Saeed Karim e Narine Mossadegh são dois refugiados oriundos de países distintos e imaginários.
Saeed, um refugiado climático, parte do Taralesh em busca de uma vida melhor deixando para trás a sua família. No Taralesh já não é possível continuar, a água potável escasseia, o mar avança e engole incessantemente a terra, e o céu não lhe responde.
Sem alternativa, Saeed vê-se obrigado a partir numa viagem que o levará a cruzar fronteiras e a atravessar o mar em busca de um lugar para recomeçar.
Consigo leva pouco mais do que a esperança de um dia voltar a reunir a família. Narine, tal como Saeed e todos os outros refugiados, procura chegar a qualquer sítio que não aquele de onde partiu e fugir ao regime ditatorial que se instalou no seu país. No Persequistão o céu já não lhe responde, a liberdade foi violentamente confiscada pelos “guardiões da moralidade”, as mulheres foram expulsas da sociedade, separadas nas escolas, riscadas das universidades e remetidas a uma existência que não lhes concede a possibilidade de serem livres.
Os cabelos foram tapados, os corpos foram cobertos e os rostos apagados.
“O céu não lhes responde” relata, através do corpo, do gesto, das emoções, da simplicidade e do jogo cénico, o percurso de duas personagens que tentam atravessar o mar para o lado de lá em busca de uma oportunidade. Ninguém deixa a sua terra de ânimo leve mas noutro país é possível recomeçar. Alcançar as necessidades mais básicas pode ser extremamente difícil, a barreira da língua, o choque cultural e a desconfiança de quem os acolhe fazem com que chegar não signifique o fim da jornada.
No entanto, Saeed e Narine não desistem, procuram trabalho, procuram retribuir e integrar-se num país diferente. Um país que por vezes julga que a escolha foi deles e onde, por vezes, o céu também não lhes responde.
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Encenação e Dramaturgia: TIAGO POIARES em co-criação com Joana Poejo e Samuel Querido
Interpretação: JOANA POEJO e SAMUEL QUERIDO
Espaço Cénico: ANA BALEIA
Desenho de Luz: PEDRO FINO
Música e Direção Musical: PEDRO RUFINO
Sonoplastia: RUBEN PASCOA e MARTA GARCIA
Banda Sonora: PEDRO RUFINO (guitarras e alaude árabe); RUBEN PÁSCOA (teclados, percurssão e voz); FRANCISCO BARATA (voz); JOSÉ BONIFÁCIO (acordeão) e MARTA GARCIA (teclados e saxofone)
Figurinos: ESTE / Fotografia: MIGUEL PROENÇA
Direção de Produção: ALEXANDRE BARATA
Agradecimentos: Incubadora de Música do Fundão e António Supico
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