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"Le couple" de Arpad Szenes e de Maria Helena Vieira da Silva

O público terá a oportunidade de conhecer obras inéditas de Arpad Szenes, numa nova montagem deste núcleo. Até 25 de junho, os visitantes poderão ver e apreciar um conjunto de cerca 40 obras da coleção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. 

1 Abr a 25 Jun 2017

Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso
Alameda Teixeira de Pascoaes 4600-011 Amarante


Sobre esta exposição, que pode ser vista na Sala de Exposição Permanente até 25 de junho, escreveu Sandra Santos:

"Arpad Szenes e Maria Helena encontram-se pela primeira vez na academia parisiense Grande Chaumière, em 1928. Casam em 1930, sem considerarem outra hipótese senão a de uma vida a dois, para sempre. Uma espécie de conto de fadas modernista, traçado a lápis, caneta ou pincel.

Companheiros de vida e de ofício, enredados numa pesquisa paralela e solitária, inspiram-se, partilham e discutem, numa sinergia contínua.

Vieira foi o modelo dileto, invocado nos primeiros anos pela paixão e pelo desejo e, mais tarde, pelo conforto de um amor sempre disponível. Quieta sem nunca se tornar ausente, Vieira da Silva é desenhada e pintada pelo marido inúmeras vezes, numa variedade de registos que oscilam entre o repouso e a atividade artística, sempre em espaços interiores.

Retratista virtuoso, Arpad capta sobretudo a essência dos traços de Maria Helena. Os primeiros retratos datam dos anos 30, início da vida a dois e, sem se perder em detalhes, Arpad realça, de forma inequívoca, os contornos que definem a pintora. Não é óbvia nestes retratos a cegueira da paixão: Maria Helena não é perpetuada como uma beldade, chega a ser, em muitos casos, quase caricaturada e, no entanto, há uma dedicação quase obsessiva na quantidade de esquissos realizada.

O Arpad retratado por Vieira da Silva é mais formal. As características físicas do artista, sempre reconhecíveis, passam para o plano já filtradas pela visão plástica. A espontaneidade dá lugar a uma dedicada ação de representação, visível na pose do retratado: de olhar fixo em frente, de cabeça apoiada na mão, sentado. À exceção dos retratos que faz do casal, onde se autorepresenta a olhar o espectador e coloca Arpad em segundo plano a pintar, e dois ou três esboços de Szenes, representado a pintar ou em roupa de casa, Vieira da Silva deixa poucos vestígios figurativos do companheiro (não existem retratos de Arpad posteriores a 1947), preferindo espelhar as emoções na abstração.

Aos retratos de Vieira da Silva somam-se os Couples, o casal Arpad e Maria Helena em união, fusão de carne, osso e, por vezes, matérias alheias à anatomia, casal-mesa, casal-objeto, como se a associação dos dois resultasse numa nova forma de vida, independente e autosuficiente. Em 1940, Arpad Szenes e Vieira da Silva partem para o Rio de Janeiro, deixando para trás uma Europa ameaçada pela guerra. Se até 1939 a maioria dos registos que Arpad fez de Vieira eram traçados no papel, durante os sete anos que permanecem no Brasil, o pintor realiza uma série de retratos a óleo, sobre tela, madeira ou cartão, que denomina Marie-Hélène e numera de I a XX, além de outros tantos que não são numerados mas pertencem seguramente a este núcleo. Vieira, magestaticamente sentada ou encurvada e imersa na pintura, ganha destaque como objeto de pesquisa.

Com o anúncio do fim da II Grande Guerra os artistas exilados regressam aos poucos à Europa. Desta vaga fazem parte Arpad Szenes e Vieira da Silva, à data residentes no Rio de Janeiro (1940-1947). Os inúmeros retratos de Vieira da Silva, que Szenes pintou entre 1939 e 1947, abrem novas vias de pesquisa, como se os objetos manipulados se transmudassem e, por qualquer progressão alquímica, perdessem matéria e se assumissem como conceito. Vieira da Silva e o seu cavalete, a artista e a pintura, o criador em pleno acto criativo, são a base da pesquisa para a série Conversation.

Ao longo das décadas de 1950 a 1970 Arpad regista uma Vieira da Silva madura, que pinta de pé junto ao estirador, junto ao cavalete. Nestes desenhos não vemos já a menina, dobrada sobre si, curvada perante o cavalete que a subjuga, mas aos olhos de Arpad, a mulher-pintora, decidida e afirmativa, no papel e na vida".

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