Teatro
U-Boat 1277
A história do U Boat 1277 internacionaliza-se, apresentando-se no dia 7 de Agosto ao público italiano no Festival de Teatro Contemporâneo de Liguria, Génova.

7 Ago 2015
O espetáculo "U-Boat 1277", nome do submarino alemão afundado ao largo da praia de Lavra, Matosinhos, no dia 3 de Junho de 1945 continua a sua viagem, agora por território italiano.
Depois de nos dias 2 e 3 de Junho último o espetáculo ter sido apresentado na Praia de Angeiras a mais de mil pessoas, comemorando precisamente 70 anos da data em que a tripulação alemã desembarcou naquele mesmo local, a história do U Boat 1277 internacionaliza-se, apresentando-se no dia 7 de Agosto ao público italiano no Festival de Teatro Contemporâneo de Liguria, Génova.
O espetáculo é dirigido pelo encenador globetrotter Renzo Sicco (segue biografia em anexo) e produzido pela companhia Assemblea Teatro (Turim, Itália) . Tal como sucedeu na praia de Angeiras, em co-produção com o Pé-de-Vento, do Porto, o actor Rui Spranger é o único elemento português do elenco, sendo que, ao contrário do que sucedeu em Junho em Angeiras, (em que o espetáculo foi todo em português) desta vez o espetáculo será integralmente em italiano.
Sinopse
Ao longo dos últimos 70 anos um submarino repousou em silêncio sob o movimento incansável do oceano e é testemunho de que não se tratou de uma alunicinação. Soldados destinados ao triunfo desembarcaram derrotados e converteram-se em prisioneiros.
Procuramos agora, pelo extraordinário poder de reflexão que nos oferece o Teatro, reviver aquelas horas, os pensamentos perturbados, os acontecimentos daqueles dias, dos que o precederam e dos que se sucederam. Exatamente 70 anos depois, pretendemos recordar este importante acontecimento histórico com palavras que, unidas à memória dos acontecimentos daqueles dias e dos que a eles assistiram, nos ajudam a reflectir sobre as emoções e receios dos seus protagonistas.
Viajamos neste trabalho por aquelas que poderiam ser as memórias de um militar protagonista do desembarque e da sua filha. Duas gerações, culturas distintas, pai e filha em confronto. Dois pontos de vista. Entre estes pontos de vista distintos confrontam-se também pensamentos de fantasmas das vítimas, de soldados e de muitos, muitos civis. Através do Teatro, procuramos um exercício de memória, reconstituindo esse momento para refletir sobre o drama da derrota e da rendição - mas não da contrição. E explorar aquela zona de limbo mental em que toda a preparação para o domínio do mundo para a qual foram formados resulta inútil enquanto toma forma a sua nova condição de prisioneiros, a perda de tudo e o confronto com os fantasmas das vítimas, sejam elas os hebreus, os habitantes de Guernica, ou os partigiani italianos...
Os factos
Entre 5 e 8 de maio de 1945 terminou a segunda Guerra Mundial. O conflito tinha arrasado a Europa e deixado mais de 70 milhões de mortos. No entanto, em Portugal, país “neutro” que não passou pela barbárie do conflito, a guerra terminaria apenas um mês depois, com o desembarque surreal de 47 militares alemães na praia de Angeiras, a 3 de junho, muito depois da rendição às forças Aliadas. Para escaparem à previsível violência dos russos, renderam-se a uma “insignificante” terra de pescadores. Desembarcaram em botes de salvamento após afundarem, premeditadamente, ao largo do Cabo do Mundo, o submarino U-boat 1277, uma das máquinas de guerra mais terríveis do exército alemão.
Ainda hoje o submarino ali se encontra, a uma centena de metros da costa e a cerca de 30 metros de profundidade.