Transições Democráticas
A Europa não pode esquecer, por Álvaro de Vasconcelos
Agora que a democracia começa a ganhar raízes na Sérvia e que o novo presidente, com a legitimidade que lhe confere o facto de ter derrotado o ditador Milosevic, já foi recebido de braços abertos pelos 15 chefes de Estado e de Governo europeus, será útil e necessário evocar o passado, exigir o julgamento dos criminosos de guerra? Fará sentido exigir que os Sérvios – que, em delírio nacionalista, apoiaram a limpeza étnica – assumam as suas responsabilidades? Não irá o desejo expresso de justiça prejudicar a transição democrática? Julgar os crimes contra a humanidade cometidos nos Balcãs, mais do que para punir os que os cometeram, serve para fazer justiça – mesmo que póstuma – às vítimas, e mais ainda para impedir que outras hajam. Serve para possibilitar a convivência entre as sociedades e os grupos que as formam, para que o “nunca mais” ao nacionalismo extremo, à depuração de qualquer tipo, dentro e para além das fronteiras europeias, seja uma realidade.