Ordem Internacional e Multilateralismo

A questão nacional em Angola e Moçambique, por Diogo Pires Aurélio

Raros temas andarão tão eivados de ambiguidade no interior das ciências políticas como o da nação e dos nacionalismos. É assumida aqui a nação em dois sentidos muito genéricos, que constituem o fenómeno nacionalista: o político e o cultural. Assim, a formação do estado-nação é tanto mais realizável quanto maiores os recursos de natureza cultural a que possa recorrer para efeitos de legitimação, integração e mobilização das populações. Esta dialética revela-se particularmente profícua quando utilizado para compreender a questão nacional no continente africano. Este terá servido, na maioria dos casos, como plataforma de unidade contra o colonizador e norteador de estratégias que se encontram, conquanto, totalmente decididas. É neste contexto que o presente estudo visa não só a dilucidação dessas estratégias e respetivas motivações, mas a exposição dos tipos de nacionalismo configurado no discurso das autoridades de Angola e Moçambique. Trata-se, assim, de perspetivar estas nacionalidades de uma ótica política e as consequentes manifestações do fenómeno nacionalista, não obstante estas serem invariavelmente encaradas como fonte legitimadora da própria atuação política.