Relações com os países africanos, Timor e Macau

Considerações em torno da cooperação cultural entre Portugal e Cabo Verde. A experiência do pintor cabo-verdiano Manuel Figueira, por José Carlos Venâncio

Por razões que passam eventualmente pelos efeitos negativos e por leituras mais críticas das chamadas teorias da modernização, a cultura, entendida nas suas diversas dimensões, carece, ainda hoje, de melhor tratamento nas políticas de desenvolvimento e cooperação. Lembremo-nos, para tanto, de conceitos ou propósitos como o de empowerment ou de paradigmas como o territorialista e o do desenvolvimento autocentrado. O mesmo, porém, não acontece com uma outra dimensão sua, a da cultura cultivada. Diferentemente da anterior, é esta quase ignorada quando se aborda a problemática do desenvolvimento. O presente texto pretende contribuir para uma análise das razões porque a cultura cultivada carece de tratamento na cooperação e desenvolvimento entre os países lusófonos, bem como quais os constrangimentos à cooperação cultural e à circulação de bens neste mercado. É tomado, a título exemplar, o caso de Manuel Figueira, cujo percurso foi tomado como exemplo para esta reflexão sobre a cooperação entre Portugal e Cabo Verde.