"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Personalidades

Eduardo Lourenço

País: Portugal
Distrito: Guarda
Concelho: Almeida

Tipo de Património
Personalidades
Descrição

Nasceu em São Pedro do Rio Seco (Almeida), a 23 de maio de 1923 e faleceu em Lisboa, a 1 de dezembro de 2020. 

A sua vida liceal dividiu-se entre a Guarda e Lisboa, tendo-se licenciado,em 1946, em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra, onde foi professor assistente de Filosofia entre 1947 e 1953. A partir de 1954 foi professor de Língua e Cultura Portuguesas nas Universidades de Montpellier, Hamburgo e Heidelberg. No ano lectivo de 1958-1959 foi ensinar, como professor convidado, para a Universidade de Bahia, no Brasil. A sua carreira docente prossegue na Europa onde lecciona nas Universidades de Nice e Grenoble. 

Filósofo, político e ensaísta, as suas obras de referência são: Heterodoxia I (1949), Sentido e Forma da Poesia Neo-realista (1968), Pessoa Revisitado (1973), Tempo e poesia (1974), Os Militares e o Poder (1975), O Fascismo nunca existiu (1976), O Labirinto da Saudade (1978), O Complexo de Marx (1979), Situação Africana e Consciência Nacional (1979), O Espelho Imaginário (1981), Poesia e Metafísica (1983), com que ganhou o prémio de ensaio do Pen Clube, Ocasionais I (1984), Fernando, Rei da nossa Baviera (1986), Heterodoxia II e III (1987), Nós e a Europa ou as duas Razões (1988), que foi prémio europeu do ensaio "Charles Veillan", A Europa Desencantada e O Canto do Signo (1994). Foi fundador, em 1989, de Finisterra - Revista de Reflexão e Crítica, da qual é director e assina diversos artigos. É colaborador de diversas publicações como: Ler - Livros & LeitoresVisãoJornal de Letras Artes e Ideias.

“Todos os meus livros são de circunstância, ou antes, são-me impostos. De resto já só escrevo de empreitada: fulano vai fazer uma conferência a tal parte, é preciso que eu escreva, eu escrevo. Senão não escrevia nada. Nunca teria nenhum destes textos. Nunca me quis servir dos autores. Hesitei durante muitos anos em escrever Pessoa Revisitado, nunca me quis servir de Fernando Pessoa para fins escolares. Podia ter feito uma tese, há imensas por aí que são apresentadas, curriculadas e tal. Mas nunca. É que a minha relação com Pessoa… Encontramos os autores com este sentimento de que fomos roubados, de que fomos já vividos, de que fomos consumidos anteriormente. Por conseguinte, experimentamos um sentimento de fascínio e, ao mesmo tempo, quase de terror diante de gente que nos parece tão parecida connosco por dentro, não é? E isso é inutilizável. É como se eu… Vem daí o próprio facto de eu não ser capaz de falar de mim. A minha maneira de falar de mim é falar através de Fernando Pessoa ou de outro autor com quem eu tenho afinidade. Na verdade, eu falo de mim em todos os textos. Tanto me faz que seja sobre política, literatura, ou qualquer outra coisa. […] Cada um dos assuntos por que me interesso daria para ocupar várias pessoas durante toda a vida. Por isso como não possuo vocação heteronímica, tenho procurado encontrar um nexo entre as minhas diversas abordagens da realidade. No fundo é a procura de um só tema. E, de facto, se virmos bem, o fio condutor do que venho fazendo, e procuro ainda fazer, é uma reflexão constante sobre o Tempo. Ou melhor, a temporalidade.” 

In Diário de Notícias, 21/3/1998

Prémios

Prémio Camões (1996)
Prémio Pessoa (2011)
Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2008)
Medalha de Ouro da Cidade da Guarda (2008)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade de Bolonha (2007)
Criação da Cátedra Eduardo Lourenço de História da Cultura Portuguesa na Universidade de Bolonha (2007)
Homenagem no Congresso Internacional Jardins do Mundo (2007)
Prémio Extremadura para a Criação (2006)
Homenagem da revista brasileira Metamorfoses (2003)
Homenagem da Biblioteca Municipal da Maia (2003)
Prémio Vergílio Ferreira (2001)
Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra (2001)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade Nova de Lisboa (1998)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade de Coimbra (1996)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade do Rio de Janeiro (1995)
Prémio António Sérgio (1992)
Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988)
Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural (2016) instituído pela Estoril-Sol em parceria com a editora Babel.

Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Bibliografia

Heterodoxia I
, 1949 Coimbra, Coimbra Editora

O Desespero Humanista na Obra de Miguel Torga, 1955 Coimbra, Coimbra Editora

Heterodoxia II, 1967 Coimbra, Coimbra Editora

Sentido e Forma da Poesia Neo-Realista, 1968 Lisboa, Editorial Ulisseia

Fernando Pessoa Revisitado. Leitura Estruturante do Drama em Gente, 1973 Porto, Editorial Inova

Tempo e Poesia – À Volta da Literatura, 1974 Porto, Editorial Inova

Os Militares e o Poder, 1975 Lisboa, Arcádia

O Fascismo nunca Existiu, 1976 Lisboa, Publicações D. Quixote

Situação Africana e Consciência Nacional, 1976 Amadora, Publicações Génese

O Labirinto da Saudade – Psicanálise Mítica do Destino Português, 1978 Lisboa, Publicações D. Quixote

O Complexo de Marx ou o Fim do Desafio Português, 1979 Lisboa, Publicações D. Quixote

O Espelho Imaginário – Pintura, Anti-Pintura, Não-Pintura, 1981 Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

Poesia e Metafísica – Camões, Antero, Pessoa, 1983 Lisboa, Sá da Costa Editora

Ocasionais I, 1984 Lisboa, A Regra do Jogo

Fernando, Rei da Nossa Baviera, 1986 Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

Heterodoxia I e II, 1987 Lisboa, Assírio e Alvim

Nós e a Europa ou as Duas Razões, 1988 Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda

O Canto do Signo – Existência e Literatura (1957-1993), 1994 Lisboa, Editorial Presença

A Europa Desencantada – Para uma Mitologia Europeia, 1994 Lisboa, Visão

Cultura e Política na Época Marcelista, 1996 Lisboa, Cosmos

Nós Como Futuro, 1997 Lisboa, Assírio & Alvim

O Esplendor do Caos, 1998 Lisboa, Gradiva

Portugal como Destino seguido de Mitologia da Saudade, 1999 Lisboa, Gradiva

A Nau de Ícaro seguido de Imagem e Miragem da Lusofonia, 1999 Lisboa, Gradiva

A Noite Intacta. (I)recuperável Antero, 2000 Vila do Conde, Centro de Estudos Anterianos

Destroços – O Gibão de Mestre Gil e Outros Ensaios, 2004 Lisboa, Gradiva

O Lugar do Anjo – Ensaios Pessoanos, 2004 Lisboa, Gradiva

A Morte de Colombo – Metamorfose e Fim do Ocidente como Mito, 2005 Lisboa, Gradiva

As Saias de Elvira e Outros Ensaios, 2006 Lisboa, Gradiva

Paraíso sem Mediação (breves ensaios sobre Eugénio de Andrade), 2007 Porto, ASA Editores

A Esquerda na Encruzilhada ou Fora da História? – Ensaios Políticos, 2009 Lisboa, Gradiva

Pequena mitologia europeia. A propósito de Guimarães, 2011 Lisboa, Verbo-Babel 

Heterodoxias (O.C. Vol.I), 2011 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian

Tempo da Música, Música do Tempo, 2012 Lisboa, Gradiva

Os Militares e o Poder seguido de O Fim de Todas as Guerras e a Guerra Sem Fim, Lisboa 2013, Gradiva

Do Colonialismo como Nosso Impensado, 2014 Lisboa, Gradiva

Sentido e Forma da Poesia Neo-realista e Outros Ensaios, (O.C. Vol. II), 2014 Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian

Do Brasil, fascínio e miragem, 2015 Lisboa, Gradiva

Crónicas quase marcianas, 2016 Lisboa, Gradiva

Tempo e Poesia, (O.C. Vol. III), Lisboa 2016, Fundação Calouste Gulbenkian

Da Pintura, Lisboa 2017, Gradiva

 
Data de atualização
01/02/2021
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