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Património Material

Palácio Gama Lobo / Palácio dos Espanhóis

Distrito: Faro
Concelho: Loulé

Tipo de Património
Património Material
Identificação Patrimonial
Conjunto
Época(s) Dominante(s)
Moderna (Séc. XVIII)
Valor patrimonial
Valor Artístico
Descrição


Edifício brasonado com capela anexa, a ermida de Sant’Ana. Localmente conhecido por “Solar dos Lobos” foi provavelmente “encomendado” nos finais do século XVIII pelo Capitão-Mor Manuel José da Gama Lobo Pessanha, filho de Nuno Mascarenhas Lobo e neto do referido Diogo Lobo Pereira.

Projetado em gaveto, com duas fachadas, uma voltada para poente e a outra para sul, este palácio marcava e redefinia dois novos arruamentos: a Rua de Portugal e a Rua de Nossa Senhora de Fátima. A inclusão no projeto do palácio de uma ermida dedicada a Sant’Ana, demolindo a capela anterior que deveria remontar ao século XVI, demonstra igualmente que o Palácio Gama Lobo pretendeu reordenar Loulé e orientar-lhe o crescimento urbano futuro.

Esta nova ideologia arquitetónica teve divergências com a administração local e pouco depois do seu início a obra foi embargada. Quase cem anos depois é que o solar foi concluído por António José de Matos Mexia Costa.

O Palácio Gama Lobo apresenta uma planta em U, cujo braço nascente incluiria a capela de Sant’Ana que foi integrada no projecto. No seu portal conservam-se mármores de Estremoz, de utilização rara no Algarve. Composto por dois pisos, o Palácio tem ao centro uma portaria que quando transposta dá acesso a uma escadaria que, por sua vez, conduz ao primeiro piso. No lado sul encontrava-se a fachada nobre do palácio ornamentada com o brasão e varandas de sacada.

Nos finais do século XIX a casa e a quinta circundante são propriedade da família Aragão Barros, rica e importante burguesia rural. Embora designado “Solar de Aragão”, a população louletana chamava ao edifício “A Boavista” ou a “Sr.ª de Sant´Ana”.

Na década de 30 de 1900, o “Solar Aragão” era ocupado por descendentes da família Aragão Barros que em 1936 alugaram o edifício e a quinta circundante a religiosos jesuítas espanhóis fugidos à Guerra Civil. Em 1932 foi extinta em Espanha a Companhia de Jesus e esta era detentora, na província da Bética, do Seminário de S. Luís Gonzaga, em Puerto de Santa Maria (perto de Cádis), foram esses alunos e professores jesuítas que se transferiram para Loulé e aí criaram um edifício nas traseiras do solar, um colégio que era frequentado apenas por alunos espanhóis. Esse estabelecimento de ensino foi chamado de Colégio de Estudos Clássicos, ou de Humanidades e Línguas Clássicas, “Gonzaga”, e chegou a ser frequentado por 76 pessoas entre sacerdotes, escolares e coadjutores.

Depois de estabelecidos no solar arrendado, os jesuítas solicitaram à Câmara Municipal de Loulé autorização para ampliarem as instalações. A sua pretensão era construir um novo edifício nas traseiras do “Solar” com frentes para a estrada de Salir e interior da Quinta da Boavista. O novo edifício, com rés-do-chão e 1.º andar, comportaria no 1.º piso, três salas de aula, quarto quartos, sentinas e duas casas de banho, bem como um refeitório e cozinha e, no 2.º piso, destinar-se-ia a camaratas para 34 pessoas e duas sentinas. Os diversos requerimentos apresentados foram assinados por José Maria Villoslada, padre e primeiro ministro do Seminário.

Em 1939, terminada a Guerra Civil Espanhola, os jesuítas espanhóis regressaram ao seu país e a família Aragão Barros retoma o “solar”.

Nos finais dos anos 50 e inícios dos anos 60, a Comissão Carnavalesca de Loulé começa a anunciar os bailes de Carnaval para o então já conhecido como “Palácio dos Espanhóis”.

Ao longo das últimas décadas o “solar” ou “palácio” foi intervencionado e tem sido usado para diversos fins, nomeadamente como sede de escolas de música, sítio para o Rancho Folclórico ou as Majoretes de Loulé levarem a cabo os seus ensaios e espaço de outras atividades artísticas e culturais.
Fonte de informação
Câmara Municipal de Loulé
Bibliografia

LOPES, João Baptista da Silva, Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, 2.º vol. Faro, Algarve em Foco, [s.d.], p. 419-420.

SIMÕES, João Miguel, História económica, social e urbana de Loulé. Loulé, Arquivo Municipal, 2012, p. 83-86.

CARRUSCA, Susana, Loulé: O património artístico. Loulé, Câmara Municipal, 2001, p. 133.

Data de atualização
04/09/2022
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