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Património

O mais antigo farol de Portugal vai ser recuperado

O Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo, edificado, no séc. XVI, na típica zona portuense da Cantareira, junto à barra do Douro, no Porto, é o primeiro edifício renascentista português.

O Farol-Capela de São Miguel-O-Anjo, o mais antigo farol de Portugal, construído na entrada da barra do Douro, vai ser recuperado, tendo em vista a salvaguarda e valorização da estrutura quinhentista, classificada em 1951 como Imóvel de Interesse Público.

A Direção Regional de Cultura do Norte e a Marinha Portuguesa assinam, esta sexta-feira, um protocolo de colaboração que ponha fim ao estado de degradação em que se encontra o também designado o farol edificado na zona portuense da Cantareira.

Peça de arquitetura marítima de valor singular, o Farol-Capela de S. Miguel encontra-se encerrado "e em muito mau estado de conservação, devido à salinidade do ar, ao desgaste natural de quase 500 anos de vida, às mutilações provocadas pelo encosto dos outros edifícios e por usos espúrios", como é reconhecido num comunicado da Direcção Regional de Cultura do Norte.

O objetivo do protocolo é proceder ao restauro e conservação do edifício, de modo a valorizá-lo, o que inclui a possibilidade de abertura ao público e a criação de um núcleo expositivo que enquadre historicamente o sítio e o monumento.

O primeiro edifício renascentista em Portugal
O farol foi construído por volta de 1528, por iniciativa e a expensas de D. Miguel da Silva, embaixador do rei junto do Papa, Bispo de Viseu e Abade Comendatário do Mosteiro de Santo Tirso. O Mosteiro de Santo Tirso detinha desde o século XII a jurisdição do Couto de S. João da Foz, o que explica a relação territorial e de interesses.
 
D. Miguel, na qualidade de embaixador do rei de Portugal em Roma, conheceu de perto o refinamento cultural que se respirava nas cortes italianas, o Renascimento e, no regresso a Portugal, trouxe consigo Francisco Cremonês, na qualidade de arquiteto privado, que foi responsável pelo risco das várias obras empreendidas pelo prelado, dentro das quais se inscrevem a Igreja de S. João da Foz e anexo Paço Abacial, bem como o Farol de S. Miguel-O-Anjo, o primeiro edifício renascentista português, e dispositivos escultóricos da entrada da Barra do Douro.
 
O farol foi desativado nos meados do séc. XVII, mantendo-se ao uso apenas como capela, tendo a sua implantação sido alterada ao longo do tempo. À estrutura quinhentista adossaram-se dois edifícios: o dos Pilotos da Barra do Douro, construído em 1841, e a Torre Semafórica ou Telégrafo, levantada poucos anos mais tarde, por iniciativa da Associação Comercial do Porto. Os os rochedos onde fundava o farol ficaram afundados no molhe construído nos finais de oitocentos, no âmbito das obras de beneficiação da Barra.
 
Instrumentos de medição foram entretanto associados, aproveitando a plataforma do molhe: o marégrafo e o anemómetro, o primeiro para a altura das marés e o segundo para a velocidade dos ventos. Por último, foi adossada à plataforma uma rampa de acesso, destinada a barcos de pesca e de socorros a náufragos.

 


por Raul Santos e Marília Freitas, in Renascença | 24 de julho de 2015

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