Teatro
Evocação dos 150 anos do Teatro Gil Vicente de Cascais
Há anos evocámos aqui o Teatro Gil Vicente de Cascais no âmbito de um Passeio de Domingo, série organizada pelo Centro Nacional de Cultura, numa visita que incluiu precisamente esse Teatro.

Ora, é oportuno agora recordar que esse magnifico edifício de Teatro, que se mantém em atividade, é de certo modo percursor de tantas salas de espetáculo construídas por todo o país. E, para alem do seu alto valor arquitetónico, constitui exemplo de permanência, atividade e rentabilidade cultural. Podemos aliás lembrar a lição que o então iniciático Teatro Experimental de Cascais - TEC, fundado por Carlos Avilez em 1965, e que o dirigiu até 1977, constituiu um referencial inovador da modernização do espetáculo teatral entre nós.
E ainda se deve acrescentar que entre tantos espetáculos e iniciativas no âmbito do teatro, realizaram-se também numerosos concertos e demais ações no âmbito dos Cursos Musicais de Verão da Costa do Sol, que nos anos 60/70 do século passado muito marcaram a atividade cultural.
Ora ocorre que este ano de 2019 assinala precisamente os 150 anos da fundação do Teatro Gil Vicente de Cascais, ocorrida em 1869.
Sousa Bastos, no seu icónico e hoje clássico “Diccionário do Theatro Português” (1919), refere que os trabalhos de construção foram dirigidos por um “carpinteiro de Caparide”, assim mesmo, de seu nome José Vicente Costa.
E mais acrescenta que nos cenários previstos para essa primeira temporada constavam “três salas ricas, uma pobre, jardim, praça e mar, e deve ser magnífico pois foi ainda pintado por Rambois e Cinatti”. São realmente grandes nomes do teatro-espetáculo, numa perspetiva histórica...
Mas já tivemos ocasião de evocar a relevância do Teatro Gil Vicente desde a sua fundação. Citamos a propósito Maria José Barreira de Sousa que reproduz uma longa conversa do rei D. Luis recordando espetáculos no Gil Vicente (cfr. “Cascais- 1900” 2003).
E referimos que em 1915 estreou no Teatro Gil Vicente uma revista, composta e cantada por um futuro maestro que tanto viria a marcar a musica e as artes de espetáculo em Portugal: nada menos do que o então muito jovem Pedro de Freitas Branco (1896-1963), figura referencial na arte e na cultura portuguesa. (“Teatros de Portugal” ed. INAPA 2006).
Em suma: o Teatro Gil Vicente de Cascais mantém-se em atividade e concilia, ao longo destes anos, a expressão arquitetónica da época com uma sucessiva renovação de espetáculos, de repertórios e de elencos que muito marcam a História do Teatro Português. E isto, em sucessivas conciliações de repertório clássico e contemporâneo, de autores nacionais e estrangeiros e de dramaturgos, artistas plásticos, atores, encenadores - em suma, todos os que criam de uma forma ou de outra a arte do Teatro!
Duarte Ivo Cruz