Teatro
MAIS TEATROS ROMANOS: TEATRO DE MÉRIDA
Situado em Mérida, a capital da Estremadura, em Espanha, é um dos mais relevantes monumentos da cidade e desde 1933 alberga o Festival de Teatro Clássico com o qual recupera a sua função original.

Em artigos anteriores, aqui publicados e que em parte aqui transcrevemos, passamos em revista os vestígios dos teatros romanos existentes no território português. Mas, justifica-se uma breve referência ao teatro e ao circo romano de Mérida (Espanha), e isto por pelo menos três motivos: Mérida foi a capital da Lusitânia; o teatro e o circo de Mérida são os mais bem conservados e relevantes da Península, e foram-no no período romano; e constituem um exemplar centro de produção de espetáculos, dada a conservação, beneficiação e utilização, no ponto de vista de património construído e museológico.
E já agora podemos acrescentar que o Teatro Romano de Medelin, próximo de Mérida, foi um dos galardoados com o Prémio de Conservação da Europa Nostra 2013.
Evoque-se então Mérida e a sua região como capital da Província romana da Lusitânia. Refere Carlos Fabião que “a grande criação de Augusto na Lusitânia foi sem duvida a colónia Augusta Emerita”, a qual “viria a tornar-se a capital da província lusitana e tudo, desde a denominação ao seu primitivo urbanismo, procurava glorificar a pessoa do imperador”.
E noutro local, o mesmo autor especifica que a nova província dividia-se em três circunscrições jurídicas, chamadas conventos, com as respetivas capitais em Augusta Emerita, Pax Julia (Beja) e Scalabis (sob a atual Santarém). Estas três cidades tinham estatuto colonial, entenda-se, todas receberam contingentes de cidadãos romanos, o que se percebe, pela relevância que teriam no quadro administrativo traçado”.
Veríssimo Serrão descreve estes itinerários e constata que “o quadro rodoviário dos nossos dias assente ainda em grande parte, no original traçado romano”.
A vida cultural, então como hoje, tem ligações diretas e condicionalismos óbvios com a atividade económica e com a projeção dos centros urbanos. E o levantamento dos três itinerários romanos entre Lisboa e Mérida, detalhadamente descritos sobretudo por Vergílio Correia, dá noticia da importância que a ligação entres as duas cidades assumia, no período da dominação romana, sendo Mérida, repita-se, a capital da Lusitânia.
Infelizmente, como vimos nesta série de artigos, dos teatros e anfiteatros romanos, em Portugal, pouco resta…
DUARTE IVO CRUZ
Bibliografia citada:
Carlos Fabião - “A Herança Romana em Portugal” e “Uma Historia da Arqueologia Portuguesa”
Vegílio Correia - “A Arquitetura do Ocidente da Lusitânia Romana: entre o público e o privado”