"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Teatro

Os 175 anos da inauguração do Teatro do Ginásio de Lisboa

Há anos, fizemos aqui referência ao Teatro de Ginásio de Lisboa, mais tarde transformado em cinema e depois encerrado.


Retomamos a evocação, pois na verdade tratou-se, na época e dezenas de anos a partir dela, de uma sala de espetáculos em muitos aspetos assinalável como tradição cultural e como memória de décadas de função.

E será de referir que, já nesse texto, foi oportuna a evocação histórica do velho Theatro do Gymnasio, inaugurado em 1846 no espaço antes explorado por aquilo que na época se chamava “Companhia de Cavalinhos”, assim mesmo, pois referia os espetáculos circenses então muito marcantes: e esses espetáculos eram apresentados no então chamado “Novo Gymnasio Lisbonense”.

Citamos a propósito Júlio césar Machado, escritor de relevo na época e que descreveu o então novo Teatro, referindo-o de forma pitoresca: “teatrinho de cartas, sem proporções, sem espaço, sem comodidades, mas alegre e simpático”... e mais acrescenta, segundo o então relevante “Diccionario do Theatro Português” (ed. 1908) que o Ginásio “parecia sair de uma habilidade de berliques e berloques”, assim mesmo.

1846 é também o ano de inauguração do Teatro de Dona Maria II, o que é de assinalar. Mas os dois teatros não se deviam comparar.

Entretanto, esse Ginásio ou Gymnasio, seria ao longo de décadas reformado e de certo modo mesmo substituído por sucessivos teatros que mereceram na obra referida um dos maiores textos, o que confirma a sua importância na época. Basta para isso ler a detalhadíssima descrição histórica, arquitetónica e artística que Sousa Bastos lhe dedica: mais extensa e detalhada do que a do Teatro D. Maria!

Essa descrição ganhou atualidade epocal, com as referências detalhadas de elencos ao longo da atividade do Teatro e cobrindo a “atualidade” da edição, portanto no início do século XX, como já dissemos. Mais relevante, não obviamente nos valores descriminados mas na estrutura correspondente, é a descrição histórica de valores orçamentais mas sobretudo de elencos sucessivamente referidos até à “atualidade” da publicação das referências.

De assinalar ainda que em 1908 o Teatro era propriedade de Francisco de Andrade, cantor de prestígios e projeção internacional na época: mas quem se lembra dele hoje, tirando especialistas de História do Espetáculo Musical? 

E é de registar que na época havia ainda um Teatro de Gymnasio Vilafranquense, (em Vila Franca de Xira) o que documenta a descentralização das artes do espetáculo, a partir de Lisboa e não só, tal como é referido no livro de Sousa Bastos, que elenca centenas de Teatros, muitos deles há época em plena atividade. Quantos ainda existem, como salas de espetáculo ou até como meros edifícios centrais?

É o que temos visto, nesta alternância de análises históricas e atuais que temos desenvolvido e que, na alternância com dramaturgia, com cinema e com salas de espetáculo históricas e, modernas, umas e outras ou paradas ou adaptadas ou em atividade... 

Duarte Ivo Cruz

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